sexta-feira, agosto 21, 2009

Sobre a desgraça na praia Maria Luísa

Não vou com este post levar ninguém a apedrejamento público, porque não sou perito em derrocadas de falésias e porque nunca estive, nem estou, no local para poder fazer investigações para as quais também não me encontro qualificado. Se a culpa é do Ministério do Ambiente, do Presidente da Câmara, da Protecção Civil, da PSP ou de outros, não faço a mínima ideia, mas desde já sinto-me tentado a afastar a responsabilidade do Ministério, pois, à primeira vista, parece-me pouco sério exigir ao Ministério que garanta a segurança de uma falésia.
Aquilo que me parece verdadeiramente insensato é a presença de gente num local que, de longe, só por ser uma falésia já prefigura algum grau de perigo, por mais ínfimo que seja. Embora possam haver responsabilidades pelo facto da localização dispor de sinalização que poderá deixar muito a desejar, a culpa não morre solteira. Infelizmente, cinco pessoas responderam à escassa sensatez de apanhar banhos de sol perto de/passear numa falésia com a própria vida.
Ainda que não existisse perigo de derrocada, ninguém me convence que uma falésia e a respectiva área envolvente são 100% seguras e ideais para tomar banhos de sol e passear. Segundo parece, a informação na região era mais que suficiente para se saber que a zona não oferecia condições mínimas de segurança e muitos eram aqueles que sabiam que havia perigo mas decidiram arriscar porque, veja-se o típico português, "até agora nunca tinha acontecido nada".
Eu não preciso que a falésia, por mais segura que seja, surpreendetemente decida desabar um dia para tomar finalmente consciência da dimensão do perigo que corro se a frequentar da mesma forma que não preciso que apresentem um outdoor com neon em plena auto-estrada a indicar-me que corro o risco de ser atropelado se decidir atravessar. Existe um perigo iminente e não sou assim tão estúpido ao ponto de precisar que esteja uma autoridade na zona 24h por dia a tentar convencer-me que posso correr perigo por me encontrar na zona.
É certo que se poderão apurar algumas responsabilidades a nível institucional, mas a culpa não morre solteira certamente.

P.S.: Poderá não ter muito a ver, mas de certa forma até tem alguma coisa. Esta semana, a França anunciou que qualquer turista gaulês que decida, por sua conta e risco, viajar para zonas não recomendadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e se coloque numa situação de risco que obrigue à intervenção do Estado francês, será responsabilizado perante um tribunal.
Pensem nisto que até faz algum sentido.

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