quarta-feira, julho 08, 2009

Desafio às autoridades portuguesas: arrumadores de carros

Numa época em que os vendedores de bolas-de-berlim nas praias estão na mira da GNR e da ASAE por constituírem uma forma de comércio paralelo cujas receitas não chegam aos cofres do Estado e pela falta de condições em que são confeccionadas e distribuídas ao público, proponho um desafio às autoridades portuguesas: os arrumadores de carros.
Esta praga já está de tal forma integrada em várias cidades do nosso país que muitos já consideram os arrumadores de carros como um género de "donos das ruas" a quem tem que se pagar um imposto para poder estacionar a viatura. Muito dificilmente, para não dizer nunca, alguém me apanha a dar um cêntimo que seja a estes indivíduos.
Aqui há uns tempos deparei-me com um arrumador da Praça do Saldanha mais atrevido que insistiu que lhe desse uma moeda. Neguei-a tantas vezes quantas ele insistiu, mas perguntei-lhe quanto é que ele ganhava por dia nesta actividade que, tal como a dos vendedores de bolas-de-berlim, foge ao controlo do Estado. Ele contou-me o seu esquema:
- tem "clientes fixos" que são aqueles que trabalham ali na zona e precisam garantir diariamente um lugar para poder estacionar o automóvel. Para não pagarem parquimetro durante um dia inteiro pagam-lhe 3 euros por dia: assim que um fiscal estiver a chegar à zona, o arrumador tira um bilhete de estacionamento para um período de cerca de meia-hora e prende o bilhete no pára-brisas para evitar a coima. O seu lucro pode variar consoante o fiscal apareça ou não numa zona onde esteja o carro, podendo garantir os 3 euros por dia ou o que restar depois do pagamento do bilhete;
- o indivíduo tinha à data cerca de 20 "clientes fixos" que lhe pagavam os tais três euros ao dia;
- se considerarmos que este arrumador trabalha apenas vinte dias úteis por mês (equivalente a quatro semanas), e ignorarmos os lucros pontuais resultantes de outros condutores que estacionam na zona e lhe dão uma "lembrança", este indivíduo aufere um salário mensal de 1200 euros líquidos!
Como este, existem muitos por aí que, ainda que não facturem estes valores, andam perto dos tais 1200 euros e outros há que devem superar esta quantia, dependendo da zona onde operem.
Face ao exposto, desafio as autoridades a varrerem com a praga que são indivíduos que nos querem ensinar a estacionar um carro de frente e têm lucros que nunca vão passar pelos cofres do Estado. São actividades paralelas, ilegais e em alguns casos revestem carácter usurário, que tendem a criar mau ambiente nas zonas onde se encontram os arrumadores, por norma ligados ao consumo de droga. Além dos vendedores de bolas-de-berlim, seria útil quer para a sociedade quer para os cofres do Estado, o acompanhamento destas actividades e, consequentemente, a cessação das actividades destes indivíduos.

Sem comentários: