quarta-feira, julho 29, 2009

Depois dos 150.000 postos de trabalho, as contas poupança de 200 euros...

A proposta do PS para a atribuição de uma conta poupança no valor de 200 euros a cada criança que nasça em Portugal é uma boa medida. Embora não se conheçam os termos completos desta iniciativa, devemos sempre desconfiar dos tais "almoços grátis" de José Sócrates, no entanto, para quem não está habituado a poupar, poder colocar algum dinheiro de parte para os seus filhos poderem levantar no futuro, aos quais se somam os juros e os 200 euros alegadamente oferecidos pelo Estado e que poderão ser levantados quando estes terminarem a escolaridade obrigatória constitui, sem dúvida, um bom incentivo à poupança e ao estudo.

O grande problema desta proposta é que com o fraco nível de exigência no ensino em Portugal os casos de levantamento da quantia poupada durante 18 anos por jovens com mérito parecem contar-se pelos dedos de uma mão, pois nos tempos que correm são raros os que, de facto, estudam e desafiam as suas potencialidades. Concluir o ensino obrigatório já não representa um desafio de grande envergadura para os nossos estudantes e difícil será não reunir os requisitos para levantar a poupança.

Outro grande problema está relacionado com o cumprimento desta medida que implicará, a priori, um investimento na ordem dos 150 milhões de euros. Se estes 150 milhões forem aplicados para o cumprimento de uma medida da mesma forma que foram criados os tão afamados 150 mil postos de trabalho, então daqui a quatro anos ainda estaremos à espera das primeiras contas poupança de 200 euros.

Por fim, não podemos esquecer-nos das letras pequenas que envolvem a atribuição dos tais "almoços grátis" de José Sócrates. Se o processo de atribuição do computador Magalhães e dos computadores com banda larga aos estudantes do ensino secundário envolveram tanta polémica relacionada com prazos de entrega, custos e cláusulas na fronteira do abusivo, não é difícil antever que estas contas poupança de 200 euros vão levar tudo a quem a decidir subscrever, a começar pelo(s) banco(s) envolvido(s) na criação destes depósitos...


P.S.: Apesar de estar mais que escaldado com as promessas de José Sócrates, não posso deixar de dar o benefício da dúvida ainda que esta medida tenha sido anunciada em época eleitoral. Se a atribuição de contas poupança no valor de 200 euros não envolver as tais cláusulas inscritas em letras milimétricas, então teremos, de facto, uma boa medida. E quem achar que 200 euros é pouco tem boa solução: não aceitar e ter a iniciativa de fazer o seu próprio investimento.

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