sexta-feira, outubro 05, 2007

Proclamação da República (à) Portuguesa: Le Roi est mort, vive le Roi

Dizem que o 5 de Outubro de 1910 é uma data muito importante para os portugueses. Mas, será que valeu a pena? Confesso que a ideia de aquisição de direitos por sucessão é algo que não me desagrada, mas quando nos referimos a bens e direitos pessoais. Quando falamos do Estado ou de bens públicos, confesso que a ideia me provoca um certo mal estar. O facto de o eleitorado não se poder manifestar seja o nosso representante um D. João II, ou seja ele um D. Sebastião, limitando-se a cruzar os braços ou a ter como única solução cortar a cabeça ao Rei, parece-me algo aborrecido, sobretudo se considerarmos que o povo português é apático e deixa que lhe façam tudo, tirando como opção cortar a cabeça ao Rei.
Mas o 5 de Outubro de 1910 foi um movimento revolução feito "à portuguesa", e que apenas serviu para mudar o nome de Reino de Portugal, ou Monarquia Portuguesa, para República, mantendo-se as bases que sustentam os primeiros, sobretudo os vícios e problemas, senão vejamos: o que levou à proclamação da República? Os graves problemas de despesismo com os luxos do Rei e da sua família; descontentamento com a governação monárquica; a questão do mapa cor-de-rosa que levou Portugal a sair envergonhado perante o Mundo; a questão dos adiantamentos à Casa Real; a elevada inflação e o elevado desemprego; a censura feita à imprensa anti-monárquica e a propagação de ideias anarquistas e socialistas (republicanas).
O que temos hoje, 97 anos depois? Em vez do Rei e da sua família viverem como reis, temos Mário Soares e a família. Impressiona-me como é que Portugal ainda não está registado como propriedade desta família. Realmente, mais vale ter o Estado em nome do povo, pois as despesas de administração correm por conta deste. Mas quem tem o gozo da coisa é o Super Mário. Seguem-se Cavaco Silva e a família, José Sócrates e o PS, Durão Barroso, a família e a "elite" do PSD, Jerónimo de Sousa, Odete Santos, mais uns quantos do PCP, Paulo Portas, uns quantos amigos do CDS e Francisco Louçã, Fernando Rosas, Luís Fazenda e mais alguns, todos a viverem como "pequenos príncipes"; os luxos a que todos os atrás referidos têm direito através dos dinheiros públicos, em contraponto com o trabalho e competência que já desenvolveram, leva ao descontentamento do povo, que parece ser mais inveja, dado que insistem em votar nos mesmos, segundos depois de falarem mal desta situação; em vez do mapa cor-de-rosa, temos o mapinha verde e vermelho, com o qual temos de lidar: queremos reivindicar e mandar no nosso pequeno espaço nacional, mas quem manda verdadeiramente nele são terceiros como o Brasil, Espanha, China, EUA, UE, etc. Em 1890 foi a Inglaterra que nos fez um ultimato e nos envergonhou. Hoje temos a União Europeia e a China a fazerem-nos ultimatos, mas o que vale é que já não nos envergonham, porque Portugal já perdeu a pouca dignidade que tinha; em vez dos adiantamentos à Casa Real, temos os impostos que temos e que mais não passam de simples contribuições para os elevados salários e luxos dos deputados, ministros e assessores, autarcas e assessores, a esmagadora maioria deles, incompententes. Portugal tem uma carga tributária tão "baixa", que até se dá ao luxo de cobrar imposto sobre imposto, como é o caso dos automóveis. Todos contribuem, mas nunca perceberam verdadeiramente para onde vai o dinheiro, além das contas bancárias dos políticos portugueses; a inflação que temos hoje é elevada, se tivermos em conta que a percentagem de aumento dos salários é sempre inferior ao valor da inflação, o que quer dizer que o nosso poder de compra é cada vez menor. Logo, a inflação ainda continua elevada. O desemprego continua na mesma: taxa de 8,3% e com tendência para aumentar. É este o Governo socialista com os 150.000 novos postos de trabalho que temos; tínhamos censura feita à imprensa anti-monárquica, hoje temos o estatuto do jornalista, as os "jotas" do PS que procuram blogues que ponham a careca do Primeiro-Ministro à mostra e tentam "corrigir" as notas que constam nas enciclopédias online sobre os seus líderes, a autoridade de controlo da comunicação social, etc; hoje temos a propagação de ideias que visam atribuir mais direitos aos arguidos e condenados, do que às vítimas de crimes, mais direitos para todos e menos deveres para quem os deve ter, a ideia de vitimização do coitadinho do estrangeiro, do homossexual e da mulher, e a ideia de culpa do homem e do português.
Como vêem, são quase 100 anos de... nada. Continua tudo precisamente na mesma. Mas, o mais engraçado disto tudo é o facto de quem realmente faz a mudança do monárquico para o republicano, são os monárquicos. Quem faz aquilo que os republicanos deviam fazer, são os monárquicos, senão como se consegue explicar que Gonçalo da Câmara Pereira, Vice-Presidente do Partido Popular Monárquico, tenha manifestado vontade de se candidatar... a Presidente da República?

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