terça-feira, junho 19, 2007

A solidariedade portuguesa

Ao lermos esta notícia, naturalmente censuramos a iniciativa da SIC Notícias. Ano após ano, eleição após eleição, reclamação atrás de reclamação, a história é sempre a mesma. A comunicação social exclui dos debates eleitorais alguns que entende que deve excluir. Assim sucede nas eleições para a CML. A SIC Notícias, e todos os outros órgãos de comunicação social, desprezam os outros candidatos.
Para mim isto é injusto e quem decide tomar o partido de uns face a outros deve ser punido. Como podemos ver pela notícia, não há como sancionar, a não ser através da sanção do costume: muitas palavras, muitos sermões, a SIC até diz que sim, que a situação é chata e triste, mas vão adiante com o debate porque querem, podem, fazem, mandam, e nada acontece por isso. Logo, continuaremos a ter eternamente estas situações deploráveis, em que uns são beneficiados face a outros, quando todos deveriam ser iguais perante a Lei e a comunicação social deveria ser imparcial. A Constituição não existe para todos, e a restante lei também não.
Não obstante tudo isto, José Sá Fernandes "solidarizou-se com os cinco concorrentes excluídos", conforme nos avança a notícia. Mas a solidariedade de Sá Fernandes é a típica solidariedade portuguesa: aquela em que nos dizem "estou contigo", "vai em frente", "tens razão", "é assim mesmo", dão-nos uma palmadinha nas costas, mas depois nada fazem por temerem represálias, ou porque estão numa situação cómoda. Não tivesse eu recebido esta "solidariedade" e este "companheirismo" inúmeras vezes, e possivelmente não entendia o que se estava aqui a falar.
A solidariedade à portuguesa é assim mesmo. Uma coisa vos garanto: se me tivessem convidado para um programa televisivo, desprezando os restantes candidatos, eu rejeitaria. E muitos que me conhecem sabem que seria capaz de tomar esta decisão. Claro que só seria capaz de fazer tal coisa quem partilhasse princípios que passassem pela igualdade de armas para todos, imparcialidade, etc. Não é certamente o caso de Sá Fernandes e de alguns milhões de portugueses. É bonito dar a palmada nas costas e mostrar solidariedade verbal, mas agir em conformidade com isso, não é para todos.

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