sábado, junho 02, 2007

Sobre a Feira do Livro

Segundo consta, a Feira do Livro já tem quase 80 anos. É uma boa oportunidade para comprar livros a preços mais acessíveis. Mas... será que os livros são, em regra, assim tão caros durante o ano que enlouqueçam os portugueses durante estes dias de Maio (e algumas vezes Junho)? Não acho que os livros sejam caros, mas o que é certo é que boa parte dos portugueses compra dois livros durante o ano, dos quais lê metade de um e o outro serve para preencher a estante da biblioteca pessoal, conservando o cheiro a novo e apresentando-se sem quaisquer vincos típicos de quem o abriu para o lêr.
A Feira do Livro funciona como uma época de saldos fora de época, em que os portugueses aproveitam para estoirar o dinheiro em coisas que jamais vão dar uso, mas como são baratas, compram. Só assim se explica o facto de pessoas que o máximo que lêem durante onze meses e quinze dias são a TV 7 Dias ou a Nova Gente, de repente se desloquem à Feira do Livro e tragam 5 ou 6 livros. Isto é o sinal de que muitos portugueses só põem os olhos em cima de livros durante estes dias, e estranham quando lhes é perguntado se sabem o que é a Bertrand, e referem-se à FNAC como o sítio onde se compram electrodomésticos (até porque não compram lá sequer os CD's e os DVD's, limitando-se a sacá-los).
As pessoas aproveitam a Feira do Livro para comprar esses tais 5 ou 6 livros de uma assentada e confirma-se a teoria do primeiro parágrafo: compram livros para encherem a estante, limitando-se a ler um (5% apenas), ou ficando-se apenas pela metade, e compram em grandes quantidades para sentirem que valeu a viagem à Feira do Livro, essa Feira que fica numa qualquer longínqua zona de Lisboa. Há que sentir que valeu a pena a viagem e nada como comprar carradas de livros. É preciso é comprar. Curioso ainda é o facto de alguns aproveitarem promoções de "pague 2, leve 3", como se fosse a oportunidade da sua vida. Caiam na real, se lerem um já é bom, quanto mais se lerem o 3.º de oferta.
A Feira do Livro é também marcada pelos pseudo-intelectuais que gostam de se deslocar ao local para depois dizerem aos quatro ventos (ou em blogs) "Eu estive na Feira do Livro e pude ver a obra de Karel Jagoller e ele tem a nova obra que fala da República Checa no Século XIX e da importância política que acabou por ter no pensamento filosófico de Pavel Bovolky". Escusam de procurar no Google estes nomes que escrevi, porque acabaram de ser inventados. Aproveito e escuso de pôr um link directo na palavra Google, porque o que não falta por toda a internet são links ou campos de pesquisa que nos levem ao mesmo.
A Feira do Livro recebe ainda a visita de pessoas normais que gostam de livros e lêem livros durante todo o ano, não se preocupando em gastar mais 1 euro no período pós-Feira, porque os preços são acessíveis durante todo o ano.

2 comentários:

Pinokio disse...

Não sei em que te aflige as pessoas comprarem livros para enfeitar a estante ou não. Diz-me lá em que é que isso te aflige. Até que ponto sabes tu se as pessoas lêem ou não? Até pode ser para oferecer...
Ou também queres obrigar as pessoas a comprar apenas livros que possam ler, proibindo assim de os comprar para por na estante. Mais uma vez faz parte da liberdade de cada um, coisa que te parece incomodar em demasia aquilo que cada um faz da sua liberdade.

Já não vou à feira do livro ha uns 2 ou 3 anos, mas lá arranjam-se pechinchas autenticas, livros que já não se vendem, a 1€, etc. Quanto às bancas das editoras, o preço a que vendem pode-se comprar o ano inteiro na fnac.

Pedro Sá disse...

Realmente, cada um que eu saiba faz o que quer do seu dinheiro e lê o que quiser...