sexta-feira, maio 04, 2007

Um homem sério


Marques Mendes pode ser muita coisa: um líder fraco, sem ideias, sem carisma, sem amigos, sem aliados, pouco cativante, pouco empreendedor, etc. Pode até nem sequer chegar ás eleições legislativas de 2009 como candidato do PSD a Primeiro-Ministro ou, mesmo que o consiga, ter um mão resultado e não evitar uma nova maioria absoluta do Sr. José Sócrates. Mas se há coisa que Marques Mendes trouxe á política nestes 2 anos em que é Líder do PSD, foi um pingo de dignidade a esta actividdade.
Acho muito bem que o PSD siga neste momento o princípio de que, caso algum dos seus militantes ou pessoas eleitas nas suas listas para algum cargo político, sejam suspeitas ou arguidas em algum processo judicial, que haja uma obrigatoriedade de suspenderem os seus cargos até que a verdade seja apurada. A decência democrática e política assim o exigem, principalmente nos dias que correm, em que todos os dias conhecemos novos casos de corrupção, abuso de poder, favorecimento de titulares de órgãos políticos a terceiros.
O país está farto de casos Fátima Felgueiras, de Fundação Prevenção e Segurança, de Isaltino Morais, de Valemtim Loureiro, de Pina Mouras e Prisas, de toda a pouca vergonah que se assite diariamente e que só fazem com as pessoas cada vez menos acreditem nesta classe política que usou o 25 de Abril não só para mudar o país, amas também para se servirem do país.
Dou os meus parabéns a Marques Mendes. Pode ser o pior líder político em Portugal, mas ao menos é o único que demonstra decência no exercício do seu cargo.
Nota final: é de salientar as palavras de Jorge Coelho acerca do príncipio que o PS usa neste tipo de situações: só se um seu dirigente político for acusado e condenado é que o PS lhe retira a confiança política. Ou seja, só passados uns 6 anos, na melhor das hipóteses, depois de toda a tramitação processual estar concluída, é que o PS retira ou não a sua confiança política. Nem é preciso por isso referir que entretanto o problema deixou de ter importância e caiu no esquecimento, sob pena de algum desses políticos, se de facto for culpado, continuou a usar e a abusar da sua posição...

Não é de estranhar por isso que hoje em dia seja o PS de Oeiras a sustentar que Isaltino Morais não seja obrigado a renunciar ao seu mandato, tendo feito uma coligação com esse senhor, que Fátima Felgueiras tenha regressado a Portugal depois de ter feito um acordo com o PS para que não fosse presa no seu regresso, que a Fundação da Prevenção e Segurança tenha feito desaparecer 700 mil contos à época, sem que tenham sido encontradas responsabilidades, etc.

Um palavra também para o BE e para o PCP: tenho pena que não sejam tão corajosos a pedir a demissão dos seus autarcas de Salvaterra de Magos e de Setúbal (ambos arguidos em processos relacionados com as suas funções autárquicas), mas para Lisboa sejam tão vigorosos em pedir eleições antecipadas.


2 comentários:

ATG disse...

Estou de acordo. Realmente, Marques Mendes é um líder fraco, e não tem capacidade para fazer oposição. Apesar de tudo isso, concordo que é um homem íntegro, honesto e recto. Tem princípios e aplica-os no Partido! Estou totalmente de acordo.

Porém, discordo com a sua atitude no caso CML, aproveitando-se da fragilidade do mesmo para tentar ganhar pontos. Censuro-lhe ainda a falta de solidariedade para com Carmona Rodrigues, outro homem íntegro, correcto e que muito deu ao PSD e ao País, apesar de ser arguido neste momento.

Apesar de tudo, concordo com a maioria do que aqui é dito. Quanto aos casos PS, PCP, BE, etc., palavras para quê? É tão fácil apontar o dedo aos outros, quando temos 3 virados para nós.

FFC disse...

Estarás com certeza a esquecer-te da campanha pela negativa que ainda hoje se faz no PSD, desta feita pela mão do Marques Mendes.
À parte disso, concordo em parte com a posição política adoptada pelo mesmo no que diz respeito à constituição de arguido. Realmente até tudo ficar esclarecido as pessoas devem afastar-se, tanto para não prejudicar a instituição de que fazem parte, tanto para não recair quaisquer suspeitas quanto a possiveis tentatiavas de ocultação do problema.
Mas, existe um reverso da medalha, muitas vezes existem cabalas políticas para afastar este ou aquele político do cargo que ocupam. Sejam eles de partidos da direita ou da equerda, DJ. Chegando ao fim o inquérito, apura-se que nada devem à Justiça, e chegamos à conclusão que houve um linchamento.

É o País que temos. Uns são mais que culpados e nunca chegam a ver o "sol aos quadradinhos", outros nunca cometaram o crime de que são acusados mas têm de sofrer um julgamento político e público.