domingo, março 25, 2007

Um por todos e todos por um

Convivo com vários tipos de classes sociais no dia-a-dia. Há duas que destaco: juízes e polícias. Os primeiros sobretudo. É notável a forma como se protegem uns aos outros no exterior. A imagem que passa dos juízes é mesmo essa "eles protegem-se uns aos outros". O que muitos não calculam é que os problemas em que se protegem externamente, são resolvidos posteriormente, internamente. Mas ninguém precisa de saber disso. Interessa é os assuntos ficarem resolvidos, dar-se novas oportunidades às pessoas e aos profissionais, e cá fora ficar a imagem de que está tudo bem entre aqueles que são próximos ou têm algo em comum.
É com bastante tristeza que vejo precisamente o oposto um pouco por todo o lado. Desde profissionais de outros ramos que expõem e envergonham colegas publicamente, porque vêem neles um alvo a abater, concorrência, ou outra coisa qualquer, até chegar mesmo aos grupos de "amigos" que temos. Sou forçado a colocar aspas porque por mais que se jure fidelidade eterna a alguém, essa mesma pessoa tem a coragem de tentar entalar ou expôr o amigo (aqui sem aspas, porque este sim, é amigo) e ainda ter a coragem de dizer que o faz para o seu bem, e por uma questão de honestidade. Sinceramente, existem lugares e ambientes próprios para se ser honesto com o amigo, para o repreender, para o ajudar a crescer. Lugares esses que não passam pela exposição pública, por passar a terceiros o que é que ele fez ou deixou de fazer. Não é possível ver como amigo, gente que tem telhados de vidro (como todos os seres humanos têm) e se faz passar por moralista, expondo e envergonhando o amigo, e conseguir dormir com isso, achando que fez "o correcto". Mais grave ainda, é cometer um erro para com esse amigo e depois, quando tem oportunidade de o remediar, ou de diminuir os efeitos negativos que o seu erro produziu na esfera do amigo, recusar-se a fazê-lo, alegando ter que ser sério, etc.
Acho que se todos vissemos os amigos e os colegas de profissão da mesma forma que os juízes se vêem e tratam no exterior, e redimirmos os conflitos resultantes dessas relações, internamente, as amizades e os companheirismos podem durar muito mais, e as relações profissionais poderão ser melhores. Não há pior hipocrisia, cinismo e falsidade do que aquele que resulta de um "Exmo. M.I. colega Dr. X" e logo de seguida o colega é exposto e envergonhado em praça pública por essa mesma pessoa. Não existe pior hipocrisia, cinismo e falsidade do aquele que resulta de alguém se sentar à mesa connosco, partilhar os nossos segredos, as nossas vivências, e seguidamente, para dar uma imagem de moralista e de politicamente correcto, expõe os amigos perante terceiros, contando-lhes coisas que não deveriam sair do grupo de amigos, devendo até ajudá-los a resolver essas situações mas internamente, com a desculpa "fiz isso porque tenho que ser honesto e não posso proteger um erro". Isto, para mim, é tudo menos amizade, ou solidariedade profissional. Não nego que as pessoas errem, porque erram, e devem ser repreendidas e aprender com isso. Mas, a partir do momento em que sai daquele círculo muito restrito, passa a errar mais quem é responsável pela exposição, pela declaração, etc.
Anda por aí muito cinismo e muita filha da pu**ce! E o pior é que muitos tendem a chamá-la de amizade! Eu recuso chamar a uma coisa, algo que não é. Quem quiser confundir as coisas, ou fingir que confunde, que o faça.

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