sábado, setembro 23, 2006

Portugal, um País desacreditado



Quando somos mais novos, todos temos a esperança de que podemos contribuir para um futuro melhor, que com a nossa ajuda o nosso País terá um futuro risonho e que as coisas que estão más podem acabar ou ser resolvidas.
Pura ilusão. No caso do nosso País, a cada dia que passa a descrença é cada vez maior. Na Justiça, os processos estão cada vez mais morosos, existem Tribunais que correm o risco de encerrar por falta de pagamento da conta da luz, os poderosos que enfrentam a barra do tribunal escapam-se quase sempre, o Segredo de Justiça é permanentemente violado, a Polícia Judiciária não tem verbas para realizar todas as investigações da maneita mais correcta, etc. Na Saúde, as listas de espera aumentam de dia para dia, alguns hospitais deveriam ter melhores condições para receber pacientes, há cada vez menos médicos portugueses, etc. Na Segurança Social, as pensões têm a tendência para diminuir e os anos contributivos para aumentar, são pagas pensões chorudas a administradores de empresas públicas, etc. Na Educação, os resultados são cada vez piores, há mais violência nas escolas, o material escolar está cada vez mais caro, etc. No Ambiente, regista-se por esse país fora a atentados ambientais, que apesar de terem coimas, vale a pena cometer o ilícito devido ao lucro que se obtém com aqueles atentados. Nas Obras Públicas, prefere-se gastar milhoões de euros em projectos megalómanos do que investir em projectos mais modestos, mas muito mais necessários e importantes para o desenvolvimento do país. Na Administração Pública, há cada vez mais funcionários públicos, cada vez mais serviços e burocracias, o atendimento está cada vez pior, a meritocracia não existe, etc.
Este Governo afirma que tem feito algumas reformas importantes. De facto, algumas coisas estão a ser mudadas. Mas é preciso mais. Muito mais. O que me dá entender é que não estão a ser exercidas reformas, mas sim "remendos" pontuais. E Portugal precisa de uma terapia de choque, precisa que os seus governantes digam a verdade, exerçam de facto a função política de maneira séria, que não façam promessas vãs e pouco sérias, que enfrentem lobies e que tenham um sentido de Estado forte. Ou seja, precisam de ser o contrário do que foram ao longo de todos estes anos, seja Governos PS ou PSD. Porque julgo que estamos a chegar a um ponto sem retorno. Ninguém acredita em ninguém. Ninguém tem esperança na política. Há cada vez menos pessoas a votar. E pior do que as coisas não correrem bem, é a esperança num futuro melhor não existir.

2 comentários:

João Correia disse...

Não podia estar mais longe e distante de tal prespectiva. Falas como se o sonho e a miragem tivessem abandonado o teu coração. O realismo que escorre das palavras que escreves é líquido que apenas serve para desacreditar.
Sou jovem. Sou utópico. Sonho com um futuro melhor e no dia em que deixar de sonhar prefiro morrer a viver aqui. Há um ano atrás estava convencido que só havia uma maneira de o fazer. Hoje sei que não. Apenas muda a forma como o devemos fazer e essa passa por usar do sonho, da compreensão e da vontade que em nós crescem, todos os dias, a todas as horas. Se o desânimo, qual esponja, absorve a água que ainda nos faz viver e sonhar, então porque aqui estamos? Porquê continuar, todos os dias, todas as horas, a lutar por um mundo melhor, por um país melhor, por uma vida melhor, para nós e para todos?
Os políticos dirão que são palavras demagógicas; os cientistas que são impossíveis de provar; os sábios que o homem nem sempre é bom; os incrédulos que são balelas filosóficas; ...
Digão o que disserem, ainda alguém acredita. O quadro negro que pintam é ignóbil. Basta que se olhe para Portugal há não muitos anos. É simples de perceber; questionem-se os nossos avós! É indubitável no nosso mundo... olhem o Darfur, olhem o Afeganistão, olhem meio mundo em guerra e em fome e, depois, depois dêem graças porque nem tudo está tão mau e continua a haver (ainda) vontade de mudar, rostos que se não escondem, mãos para trabalhar!

ATG disse...

Discordo com o ponto de vista do João. Não nos devemos comparar com os que estão abaixo ou piores do que nós, para começarmos a ver-nos como "nada mau", ou "podia ser pior". Aliás, isso é o pior que pode acontecer a alguém: pensar que a sua situação miserável "podia ser pior" e, como tal, a miséria que tem até nem é "nada má".
Temos que nos comparar com os que estão no topo, com os que estão em cima, e vermos que realmente algo de grave e errado se passa neste país. O nosso termo de comparação deve ser sempre com os melhores. Será, porventura, motivo de orgulho sentirmos que somos ricos entre os pobres? Uau... somos bons, entre os miseráveis. Somos "não tão maus". É graças a esse tipo de pensamento que este país continua a deixar passar as feridas de que padece. Somos muito pobres entre os ricos. Muito miseráveis, e a vergonha política e social continua. Governo após Governo, cada um continua a pensar em si e no seu ûmbigo.