domingo, dezembro 31, 2006

A minha causa para 2007

Sempre fui um acérrimo defensor das causas ambientais, levando-o mais a sério do que muitos que pensam que os problemas pelos quais passamos são coisas de cientistas doidos, anti-capitalistas, ou até mesmo "quando esses problemas vierem a sério, já não está cá a nossa geração".
O ambiente é, para mim, desde há algum tempo, a maior preocupação que todos devemos ter.
Assim, por causa disso, a minha principal causa para 2007, será utilizar o Bar Velho Online e outros instrumentos que façam parte da minha vida, como veículos para ajudar a lutar pelas causas ambientais. Porquê? É um atentado à existência humana e da natureza, o que fazem dia após dia com o Planeta.
Sim, acredito que ainda é possível fazer alguma coisa e é por isso que me ponho do lado de todos aqueles que querem lutar pela saúde no nosso planeta, a troco de nada. A troco de continuar a ter o prazer de saber que existe natureza, que existe um planeta com a beleza e recursos naturais de que dispomos. Existe maior prazer do que esse? A flora, a fauna, tudo aquilo que a Terra nos dá?
Lanço o alerta a todos os que me lêem! Tornem como causa para vocês:
O AMBIENTE

Sobre a Pena de Morte

Tal como relativamente à tortura, sou contra a pena de morte. Pode o agente ter praticado um crime hediondo, terrível, altamente censurável, que ainda assim, sou contra a pena de morte. Relativamente à prisão perpétua, sou a favor, para certos tipos de crime.
Baseio a minha opinião no facto de, ao estar a mandar que seja aplicada a pena de morte a alguém, o Juiz, o Chefe de Estado, ou quem quer que a ordene, está a colocar-se num plano superior ao da pessoa humana. E, nesse aspecto, caros amigos, acima do ser humano, não há nenhum outro, a não ser para aqueles que acreditem em Deus, no Universo, numa Energia, ou simplesmente... em "Algo".
Assim sendo, não faz sentido nenhum, que um ser humano se superiorize a outro, ordenando que ele não merece a vida que tem. Ninguém é Deus para decidir isso, nem mesmo os representantes do Estado. Só o dono da sua vida, quem habita naquele corpo, é que sabe se quer continuar a viver ou não. Tirando o próprio, mais ninguém pode ordenar a alguém que deixe de viver. É censurável este tipo de decisão.
Não obstante isto, punir alguém com a pena de morte é tão censurável como o homicídio praticado por alguém. E aqui, sigo o argumento de estar a punir um crime com outro. Isto, no meu entender, não é forma de se fazer justiça. É tão censurável matar uma pessoa, como alguém, apenas por ser juiz, mandar matar alguém, seja homicida ou não.
Por estes motivos, sou contra a pena de morte em qualquer parte do mundo, bem como a torturas. Ninguém tem o direito de submeter ninguém a torturas, nem mesmo um Tribunal!

sábado, dezembro 30, 2006

Boicote I

Vai para a Sporttv o meu Boicote número 1. Mas vai para a Sporttv aos sábados à noite, relativamente ao conteúdo informativo. É incompreensível porque é que a Karen Matzen... Fritzen... bem, o que raio for o apelido dela, é incompreensível porque é que esta personagem apresenta o serviço de notícias da Sporttv aos sábados à noite já há algumas semanas. Já fiz questão de enviar um e-mail à Sporttv relativamente a este assunto! Nunca obtive resposta, então aí vai o meu boicote.
Porquê, perguntam vocês? Porque não tem jeito nenhum para apresentar notícias (deviam reparar como ela lê o ponto), não sabe pronunciar os nomes dos jogadores e dos clubes de futebol (tirando os brasileiros e os célebres Benfica, Sporting e Porto), engana-se vezes sem conta, e é brasileira!
Pergunto: num serviço noticioso, ou num canal televisivo, não seria suposto estarem em certos cargos jornalistas, ou licenciados em Comunicação Social? Com tantos que se licenciam ano após ano e portugueses, porque raio têm que lá pôr uma brasileira que não tem qualificação, nem qualidade, para ali estar?
Só posso concluir uma coisa: ela deve andar a fazer um belo de um serviço a algum Director da Sporttv. Não acreditam? Vejam a forma ridícula e anedótica como apresenta as notícias. Já para não falar no seu programa semanal. Enfim... é triste um tipo estar a pagar um canal para assistir a estas vergonhas.
Este é o meu boicote número 1! Acabou-se a Sporttv aos sábados à noite! E deviam fazer todos o mesmo. Boicotar o canal e enviar e-mails de reclamação para o canal!

Sai do armário David!

Alguém alguma vez viu David Fonseca acompanhado de alguém do sexo feminino? É certo que não. Acompanhei o início dos Silence 4 e na altura já achava estranho porque é que o David Fonseca não andava com a Sofia (lembram-se da segunda voz do grupo?), nem sequer tentava fazer o que quer que fosse! Com o fim dos Silence 4, David Fonseca sempre foi visto sozinho ou na companhia de tipos cuja masculinidade é duvidosa. Depois aquela sua forma de se expressar em palco (qual Ney Matogrosso ou António Variações), com aqueles olhos arregalados como quem acabou de ser penetrado à bruta e de surpresa e aquele seu estilo de pseudo-intelectual fazendo lembrar um trotskista ou um camarada da Ana Drago no Bloco de Esquerda, ajudam a confirmar que ele é uma tipo que facilmente gosta de "experimentar o diferente".
Ok, nos Humanos ele tem desculpa. Afinal, a Manuela Azevedo é casada e mãe de filhos e o marido andava sempre a acompanhá-los.
Mas, David Fonseca revelou-se neste Natal. Após perguntarem a diversas personalidades da música qual era o disco que desejariam comprar nesta época festiva, todos deram as suas respostas. Quando fizeram a pergunta a David Fonseca, eis que ele responde: "Comprava o Best Off dos Wham".
Há mais alguma coisa a dizer além da versão da música que David Fonseca deve fazer na sua casa, que deve andar perto de "Last Christmas, I'll give you my back..."?

Morreu mesmo?

Será que este homem foi mesmo executado?

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Não devia?

Não devia este senhor ser também condenado à forca, tal como Saddam Hussein, por ter causado a morte a milhares de americanos e a outros tantos iraquianos e afegãos?

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Difícil de entender...

Realmente, para mim, é difícil de entender porque é que se chama "música nacional" a 4 portugueses que cantam em inglês. Os elementos são portugueses, mas a música não é, nem de perto nem de longe, portuguesa.
Mas o que é mesmo, mesmo difícil de entender é o porquê de, uma banda que toca, canta e compõe com uma elevada qualidade e que cria uma obra de arte como esta, em pura língua portuguesa, não cantar em português! Aí sim, teríamos uma verdadeira banda nacional, de preferência com um nome nacional, e a cantar em bom português! Isso sim, seria fácil de entender...

quinta-feira, dezembro 21, 2006

quarta-feira, dezembro 20, 2006

A Super Maria


Chegou a heroína porque todos esperavam! A Super Maria está aí, para meter esses bandidos do "apito dourado" no lugar devido! Maria José Morgado que ficou conhecida pela forma activa como sempre lutou contra a corrupção, é a grande esperança da justiça desportiva portuguesa. Mulher determinada, licenciada em Direito pela FDL, e magistrada do Ministério Público, é também conhecida como a Dama de Ferro. Será que alguém se atreverá a fazer-lhe frente? Será que é desta que "vão todos de cana"?

Infelizmente, este País respira ilegalidade e corrupção por todos os seus poros, e ninguém foi capaz de fazer o trabalho que se espera de Maria José Morgado. É preciso nomearem uma mulher "com tomates" para se fazer a justiça que mais ninguém quis fazer? Quantas mais Marias são precisas para atacar os restantes vícios da sociedade? Temos o Sá Fernandes nas Autarquias e a Maria José Morgado na corrupção. Onde andam os outros "grandes" que podem limpar este País de gente criminosa como o são os intervenientes no apito dourado? Se calhar não convém termos muitos mais, caso contrário, as prisões de luxo deste país não terão lugar para tantos bandidos. Os poucos poderosos que vão "dentro", são tratados como reis, o que me leva a prever que se muitos mais lhes seguirem as pisadas, teremos mais um aumento de impostos, para poder suportar os presídios milionários a que, infelizmente, têm direito estes tipos.

No entanto, eu tenho esperança que a Super Maria faça frente a tudo e todos, mesmo correndo o risco de aparecer numa valeta um dia destes. O país precisa de heróis nacionais, e sejam homens ou mulheres, é preciso é que alguém o seja. Aplaudi e rejubilei com o nome de Maria José Morgado! As expectativas em volta dela são muitas, mas milhões de portugueses acreditam que é possível! Eu acredito nela, e assim que terminar este processo, se tudo corresponder às expectativas criadas, MJM deverá ser agraciada pelo Presidente da República e lançada noutras frentes nacionais. Há muito vício por aí, pronto a ser desmantelado. Mas... faltam mais "Super Marias" como esta!

Maria vai em frente, tens aqui a tua gente!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

A Revolta que me dá a Revolta dos Pastéis de Nata


Confesso que os temas abordados no programa "A Revolta dos Pastéis de Nata" até são interessantes. As questões são bem colocadas. A maioria dos convidados é bem escolhida. Compreendo, ainda, que o intuito do programa é fazer um género de "talk-show" em sentido conversa de café, e não meramente de entrevista, com rábulas humorísticas à mistura. Mas, há coisas que me revoltam e dão a volta ao estômago: a maioria das rábulas de estúdio em que intervêm os "actores secundários" são, na sua maioria, fracas, muito fracas, e é de uma tremenda falta de educação cortarem a palavra aos convidados, para porem aqueles 2 rapazes a fazerem figuras tristes, obrigando a maior parte dos convidados interrompidos a fazer a pergunta que já é de praxe "onde é que eu ia?". É ridículo, não tem sentido fazerem isso a meio das questões que são colocadas aos convidados, e deixa no ar uma certa sensação de desprezo pelos mesmos, tornando-os meros figurantes que só intervêm quando alguém não os interrompe.
Resumindo: acaba por transformar um potencial "talk-show"-descontraído-em-estilo-conversa-de-café, num programa onde os convidados são chamados a falar sobre um determinado tema, mas alguém mal educado os interrompe. Não acho piada nenhuma a este formato de programa, e se fosse convidado do mesmo, não acharia piada nenhuma também, recusando-me participar nele.
Alguém dê um "KO" nestes Pastéis, que já estão queimados há muito tempo!

domingo, dezembro 17, 2006

Mais uma vergonha nacional

Sim, é com isto que reabro um novo ciclo de posts no Bar Velho. A actual vergonha nacional e da nossa "Democracia" que permite que meninos mimados façam birra porque as coisas não são como querem, e então decidem demitir-se. Este senhor que vêem na foto, era o Presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) e auferia mensalmente qualquer coisa como 18 mil euros mensais (tenho que considerar que é pouco, tendo em conta que um brasileiro de nome Luiz Felipe Scolari aufere muito mais às nossas custas e à de outros coitados). Fez birra porque algo que ele desejava não pôde ocorrer, e decidiu demitir-se. Até aqui, nada de anormal, tirando umas quantas bocas que lhe podiamos mandar, acusando-o de mimado, dado que só porque não lhe fazem a vontade, demite-se e abandona um alto cargo ao "Deus dará".
O que me choca, é o facto de este senhor se demitir, e ter direito a um abono mensal correspondente a 2/3 do rendimento que auferia, ou seja, 12 mil euros, pelo período máximo de 2 anos se não encontrar trabalho até lá. Reparem: num despedimento podemos admitir um abono durante um determinado período de tempo. Mas, quando o trabalhador renuncia ao seu cargo por livre e espontânea vontade, tem direito a auferir parte do seu salário milionário? Que estatutos são estes? Quem paga isto? Resposta: todos nós! Ou seja, ele é nomeado, e quando bem quiser pode desistir, mesmo que seja pelo motivo "não me apetece mais", que terá direito a mais de 264 mil euros pelos dois anos em que ficará no "estaleiro". Sim, porque com este abono, acham que alguém vai procurar trabalho?
Esta Entidade Reguladora, não deveria ser supervisionada por uma outra Entidade Reguladora que Regulasse a legalidade dos Estatutos e dos rendimentos dos trabalhadores e directores das Entidades Reguladoras? O Governo não faz nada? Não é da sua competência? Corrijo: esta tarefa faz parte das suas atribuições, mas não podemos exigir que seja da sua competência, porque competência é coisa que este Governo não tem!
E assim segue, mais um episódio das vergonhas nacionais!

Retirada do Adeus

Porque recebi algumas mensagens de apoio e de incentivo (de pessoas que gostam de mim de verdade), porque recebi mensagens de outros que, ainda que não concordem com muita coisa que eu escrevo, gostam de ler e contestar... decidi voltar ao activo. Até por um outro motivo: não me posso privar das coisas que realmente gosto de fazer! Escrever dá-me um prazer enorme e não vou parar de o fazer apenas porque certas coisas na vida não correm bem.
Maus momentos todos temos, e devemos tirar deles a devida aprendizagem, e não os devemos tomar para nós como limites à nossa existência. É por isso que vos escrevo: voltei ao activo e recuso privar-me dos meus prazeres, apenas porque alguns na vida surgem alguns dissabores!
Hoje corre mal, mas amanhã é outro dia! Porque eu me dou valor a mim mesmo, vou dar continuação ao que me dá prazer: escrever (entre outras coisas, claro)!

Bem sei que já me despedi diversas vezes. No entanto, se algum dia a mesma surgir, não terá aviso. Notarão pelo abandono!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Despedida definitiva

Depois de mais de 3 anos envolvido em blogues, decidi fazer a minha despedida final destes palcos. O motivo da decisão não se prende com pressões de ninguém, nem a qualquer outro motivo senão a necessidade de abandonar uma série de coisas às quais me dedicava. O blogue é só uma das várias.
Agradeço a todos pelo tempo dedicado aos meus posts neste blogue. Continuem a acompanhá-lo. Eu passo, todos nós passamos, mas ainda têm aqui mais 8 redactores. Boa sorte a todos na vida e que a felicidade esteja convosco!
Até sempre!

A nível musical...

... digamos que o David Fonseca é o James Blunt português.

domingo, dezembro 10, 2006

Ditadura nunca mais!

Caros leitores,
mudei de opinião sobre ditadura e democracia. Quem vos escreve já disse que a ditadura era menos má que a democracia. Errado! Estava absolutamente errado! Minha rica democracia. Se ela é como é, imagino como não seria a ditadura.
A todos digo: 25 de Abril Sempre! Sim, porque após aquele dia de Maio de um certo ano da década de 20 nem consigo imaginar como era.

sábado, dezembro 09, 2006

Apenas...

... COMPREM!

As Eleições No Terceiro Mundo

Não resisti e tive mesmo que colocar estes vídeos de campanhas eleitorais no Brasil!



sexta-feira, dezembro 08, 2006

Maior Desportista Português de Sempre

Finda a votação sobre o maior político português de sempre, seguem-se os candidatos na área do Desporto. Não sou muitos os eleitos, infelizmente, mas são de excelente qualidade todos os que aqui estão indicados. Façam as vossas votações na caixinha da direita.

E o grande vencedor é...


D. JOÃO II


Confira os resultados:

D. Afonso Henriques
3%
8

D. Dinis
0%
1

D. João I
0%
0

D. Nuno Álvares Pereira
0%
1

Infante D. Henrique
2%
4

D. João II
23%
54

D.Manuel I
1%
2

Vasco da Gama
4%
10

Pedro Álvares Cabral
0%
0
A
fonso de Albuquerque
0%
1

D. João IV
1%
2

D. João V
0%
0

Marquês de Pombal
19%
45

Fontes Pereira de Melo
3%
7

António de Oliveira Salazar
10%
25

Marcello Caetano
0%
1

António de Spínola
0%
1

Álvaro Cunhal
18%
43

Mário Soares
12%
28

Cavaco Silva
3%
7

240 votes total
P.S: Obrigado a todos pela participação. Em breve lançaremos mais sondagens.

Desigualdades

Porque é que um pode ter armas nucleares e o outro não? Porque é que uns são os maus e os outros são os bons? Por acaso alguém acredita na teoria do "nós não queremos fazer mal a ninguém, só queremos manter-nos em prevenção, se algum dia for preciso"?
A minha solução é: se um tem armas nucleares, todos poderão ter também! Se para uns é um atentado à Paz Mundial, então dêem todos o exemplo e não tenha nenhum esse tipo de armas. Aqui não há ninguém melhor que ninguém. Armas são armas. Ou têm todos, ou não tem nenhum.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

O fim de Cosmo Kramer?

Michael Richards, o conhecido Cosmo Kramer de Seinfeld, teve recentemente um episódio muito infeliz. A meio de um espectáculo na Laughing Factory, perdeu o controlo e enfureceu-se contra dois rapazes que estavam na audiência a perturbar a sua actuação por estarem a falar. Como os rapazes eram de etnia negra, as piadas e as bocas que lhes disse facilitouas palavras que saíram da sua boca naquela noite. Ao mesmo tempo, o público insurgiu-se com as palavras racistas que ouviram provenientes Michael Richards, e decidiram entrar num bate boca com ele, abandonando o estúdio ao mesmo tempo.
Posteriormente, os dois rapazes a quem já chamam de vítimas e os quais já querem fazer uns mártires, contaram que já antes do espectáculo ele tinha dito e acontecido uma série de coisas. Enfim, agora para eles é fácil dizer que aconteceu uma série de coisas. Mantêm-se dúvidas sobre o que aconteceu. No mesmo programa da CNN onde apareceram os rapazes a contar o que sucedeu e muito mais, nomeadamente coisas às quais já ninguém assistiu e, logo, não se devem tornar fiáveis só porque eles dizem que aconteceu, disseram ainda que se não fossem as filmagens ele não estaria a pedir desculpas. Ou seja, passaram ao ataque, querendo associar Michael Richards a um qualquer promovedor de actos racistas!
Apesar de tudo, retratou-se no programa de David Letterman. Para mim, este seu acto desiludiu-me imenso. Adorei o Kramer de Seinfeld. Sou viciado em Seinfeld. E ver um tipo que sempre gostei imenso a fazer este tipo de coisas, é para mim uma enorme desilusão. Ainda recentemente andei a pesquisar informação sobre filmes ou outro tipo de coisas que tivesse feito, e não encontrei nada. Sempre julguei que tivesse vingado em alguma série norte-americana ou em algum filme. Mas não.
Creio que, se o Michael Richards se retratou, devemos dar uma segunda oportunidade ao tipo, tal como Jerry Seinfeld defende. Afinal, falamos de um profissional. Teve um acto infeliz, retratou-se e pediu perdão pelo sucedido. Pergunto: merecerá ele um fim destes, por causa de um acto infeliz que teve numa noite? Haverá necessidade de o crucificar? Não me parece. Uma segunda chance para ele, é o que peço. É um desperdício que a carreira de alguém com potencial acabe por uma coisa destas. No entanto, não deixando de ser uma desilusão, antes dele ser profissional, é um ser humano. E tem direito a errar e a arrepender-se pelos seus erros.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

1980-2006

Tudo poderia estar diferente nos dias de hoje!

Toda a verdade e deontologia sobre: Marco Saias

Marco Saias, advogado, decidiu armar-se em justiceiro da Ordem dos Advogados depois das 1000 coisas que já disse dos mesmos.
Como ainda existem muitas pessoas sem dúvidas sobre a pureza de Marco Saias, decidi contar aqui algumas verdades.
Aqui está o texto que se encontra publicidado no Forum do Centro de Formação Online da Ordem dos Advogados, na sequência do que Marco decidiu escrever contra uma pessoa que nunca lhe fez o que quer que fosse de mal.

"Marco,
sempre acreditei que existiam pessoas conflituosas, sedentas de confusões e quezílias entre terceiros, mas nunca pensei que se chegasse a este cúmulo.
Fazer publicidade de forma ardilosa e com o intuito de prejudicar terceiros da forma como tu o fizeste até acaba por não me surpreender vindo de quem vem.
Quais os fundamentos para dizer isto, perguntam todos vocês que me lêem neste momento. Ei-los:
Marco Saias era um conhecido Tertuliano, ou seja, era membro de uma organização da Faculdade de Direito de Lisboa, que era conhecida por cobardemente recorrer a um jornal onde os seus redactores eram anónimos e onde se falava mal de tudo e de todos. Sempre se acharam verdadeiros justiceiros.
Não obstante tudo isto, Marco Saias é ainda conhecido por pertencer à Extrema-Esquerda e por defender publicamente as políticas de Estaline, bem como o comunismo radical.
Não lhe chegando tudo isto, inscreveu-se na Ordem dos Advogados, onde injuriou os seus representantes e as suas metodologias publicamente, sem no entanto desistir de nesta instituição estar inscrito.
Não foi suficiente para o jovem Marco Saias que, depois de sair da Faculdade de Direito de Lisboa e já inscrito na Ordem dos Advogados, decide comunicar à Tertulia que o jovem Tiago Cabanas Alves (aluno da Faculdade de Direito de Lisboa) andava a obrigar jovens a despirem-se em frente às webcams. Não só passou esta mensagem à Tertúlia que é organizadora das praxes, como ainda moveu diligências para que envergonhassem o jovem publicamente diante de centenas de alunos. Assim sucedeu, tendo Marco Saias contribuído para a difamação de um aluno que, sem motivo aparente, se viu difamado e humilhado por uma mensagem que Marco Saias decidiu apregoar aos seus "amigos" justiceiros. O resultado de tudo isto foi um pedido de desculpas público pela Tertúlia a Tiago Cabanas, visto que a difamação iniciada em Marco Saias não tinha fundamento e visto que o rapaz ainda está hoje marcado por esse dia, onde além de ter sido ofendido, foi humilhado e ainda é conotado com um acto que nunca se conseguiu provar que ele tenha praticado e onde nunca surgiu nenhuma pessoa lesada pelos actos dele. Todos sabem o peso que recai sobre uma pessoa que fica conhecida por assédio sexual, e por obrigar alguém a praticar actos do mesmo tipo.
Como se isto não bastasse, Marco Saias dá entrada num escritório de advogados, como advogado estagiário. Meses depois é "convidado a sair", por atitude pouco profissional e por uma série de actos menos próprios, que nada têm a ver com os de um advogado
Hoje, surgiu esta ideia de tentar lançar a confusão e, não bastando ter-me associado a práticas de extrema-direita perante terceiros (ideologia essa que repugno e rejeito, encontrando-se a minha ideologia localizada ao centro), decide fazer este brilharete.
Marco Saias é hoje advogado. Tenham atenção. O próximo alvo podem ser vocês. Eu já me sentei à mesa com ele, já lhe apertei a mão. Nada ele me tem a apontar contra a sua pessoa, ou contra terceiros. Não se justifica a sua sede de confusão e de lançar o caos entre terceiros.
Obrigado Marco, pelas tuas pérolas. Todos temos telhados de vidro. Os meus e o dos outros 8 colegas meus (a grande maioria advogados estagiários como eu) foi colocar o símbolo da Ordem dos Advogados no nosso blogue conjunto. Os teus são outros."

Até já começo a adivinhar um novo post de Marco Alexandre Saias no site da Ordem dos Advogados, relativamente às minhas palavras. Estou desejoso que o faças. É que... existem diversas testemunhas de tudo isto que tu fizeste. Então sobre a difamação que iniciaste contra o ex-colega Tiago Cabanas Alves, existem centenas. O anfiteatro estava cheio, ou já te esqueceste das coisas que fazes? Tu podes não usar o símbolo da Ordem dos Advogados nas palavras que dizes, mas atentas mais à dignidade dos outros do que qualquer outra pessoa.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Sobre o blogue

O Bar Velho Online tinha os símbolos da Ordem dos Advogados e da Faculdade de Direito de Lisboa, derivado do facto de todos os redactores pertencerem ou terem pertencido à FDL, e porque alguns se encontram inscritos na Ordem dos Advogados. Somente por causa disso. Nunca quis/quisemos associar as nossas ideologias (e aqui existem ideologias bastante diferentes) a qualquer uma destas instituições.
Dado o erro de alguns que começaram a conotar as discussões políticas a essas entidades, foi decidido retirar os símbolos das instituições em causa do nosso blogue, para não formular mais confusões na cabeça de alguns e de outros menos informados.
Se este blogue fosse tendencialmente de Esquerda, possivelmente a atitude de muitos seria outra. Lamento o sucedido e lamento a confusão entre opiniões, instituições e blogues.
Não retiro uma palavra de tudo o que aqui foi escrito pela minha pessoa, afirmando estas e outras palavras diante seja de qualquer pessoa que seja.

domingo, dezembro 03, 2006

Aníbal Cavaco Silva

Nascido a 15 de Julho de 1939, em Boliqueime, Loulé (Algarve), o Presidente Aníbal Cavaco Silva tem o seu nome associado, como Primeiro-Ministro, ao período da mais duradoura estabilidade política registado em Portugal nas últimas décadas, a um ciclo de grandes transformações económicas e sociais e de modernização do País, a um tempo em que os Portugueses recuperaram o optimismo e ganharam maior confiança no futuro.
Único líder partidário a conquistar duas maiorias absolutas consecutivas, o que o tornou no Primeiro-Ministro português que mais tempo permaneceu em funções em democracia (1985-1995), Cavaco Silva deixou, nos seus mandatos como governante, uma marca de determinação e firmeza na aplicação de um vasto conjunto de reformas estruturais, que promoveram a democratização e a liberalização da sociedade e da economia portuguesas.
Num momento em que o País enfrentava os primeiros grandes desafios da integração europeia, e apoiado na estabilidade política que os Portugueses proporcionaram através do seu voto, Cavaco Silva levou Portugal a ultrapassar a quase estagnação em que estava mergulhado, a beneficiar de um novo ambiente económico e social, a aproximar-se dos níveis médios de desenvolvimento dos seus parceiros da União Europeia e a assegurar-lhe maior projecção e reconhecimento internacionais. A economia portuguesa cresceu a uma taxa média anual de 4%.
Conduziu um ambicioso programa, que incluiu elevados investimentos em obras públicas e infra-estruturas e a adopção de novas práticas na economia – nomeadamente reduzindo o intervencionismo do Estado, atribuindo um papel mais relevante à iniciativa privada e aos mecanismos de mercado e incentivando o investimento directo estrangeiro, ao mesmo tempo que reforçou a coesão social.
Pôs em marcha uma vasta reforma fiscal, introduziu alterações profundas no sector da educação – que passaram pela reforma do sistema educativo e pela modernização do parque escolar – trouxe mudanças significativas à área da saúde e promoveu, ainda, a liberalização da comunicação social, com destaque para a abertura das televisões privadas.
A maior afirmação da sociedade civil e a promoção das liberdades sociais foram grandes eixos sempre presentes na acção pública de Aníbal Cavaco Silva. A estabilidade política que garantiu e a confiança que fez repercutir nos parceiros sociais permitiram, nomeadamente, a celebração dos primeiros acordos de concertação social em Portugal, assim sublinhando o acerto das soluções sócio-económicas preconizadas.
Cavaco Silva foi um protagonista activo no processo que conduziu à aceleração da construção europeia, em resposta à nova realidade geopolítica que sucedeu à queda do Muro de Berlim, assumindo papel central em algumas grandes decisões, influenciando as opções inscritas no Tratado de Maastricht – a propósito, designadamente, da coesão económica e social e das situações específicas dos estados-membros – e garantindo a adesão do escudo ao Sistema Monetário Europeu, criando condições para a integração de Portugal no primeiro grupo de países da moeda única europeia.
Participou em 29 Conselhos Europeus, onde defendeu com sucesso os interesses de Portugal, como foi o caso da aprovação dos Pacotes Delors I e II, do PEDIP (Programa Específico para o Desenvolvimento da Indústria Portuguesa), da criação de programas específicos de apoio ao desenvolvimento dos Açores e Madeira, bem como do programa de apoio à modernização da indústria têxtil e de vestuário portuguesa. No primeiro semestre de 1992, e sob a sua empenhada condução, Portugal assumiu, pela primeira vez e com reconhecido êxito, a presidência rotativa da União Europeia.
No plano das relações com o mundo lusófono, Cavaco Silva foi um promotor de mudanças no sentido da estabilização democrática dos regimes africanos, tendo patrocinado as negociações de paz para Angola e apoiado processo idêntico em Moçambique. Foi também sob a sua liderança que Portugal esteve no centro da criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e que foi decidida a realização anual das cimeiras luso-brasileiras.
Aníbal Cavaco Silva imprimiu uma nova dinâmica à política externa portuguesa, no reforço do papel pró-activo de Portugal nas suas relações bilaterais e multilaterais, assim como em vários palcos regionais.
Através de cimeiras anuais a nível de Chefes de Governo, aprofundou o relacionamento com a Espanha, fomentando os intercâmbios num vasto leque de áreas e o maior desenvolvimento das regiões transfronteiriças. Impulsionou as relações com Marrocos nos planos político e económico, estabeleceu um clima de bom entendimento e cooperação com os Estados Unidos, contribuindo para um melhor diálogo euro-atlântico, e estreitou os laços com a China, com a qual assinou a Declaração Conjunta para a transferência de Macau, assegurando ao território uma transição em estabilidade e progresso.
Simultaneamente, ajudou a potenciar o protagonismo das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo nos respectivos países de acolhimento, a maior parte das quais visitou.
Em 7 de Setembro de 1995, foi distinguido na Alemanha com o Prémio Carl Bertelsmann que a prestigiada Fundação Bertelsmann decidiu atribuir a Portugal pelo sucesso das políticas de melhoria do mercado de trabalho e de luta contra o desemprego, enquanto Aníbal Cavaco Silva exerceu o cargo de Primeiro-Ministro. A escolha de Portugal resultou de uma análise comparativa de 17 países europeus, efectuada pelo Instituto para a Política Económica e Investigação Conjuntural da Universidade de Witten-Herdecke. Recebeu ainda o prémio Joseph Bech (1991), no Luxemburgo, e a medalha Robert Schuman (1998), pela sua contribuição para a construção europeia, e o Freedom Prize (1995), na Suíça, concedido pela Fundação Schmidheiny, pela sua acção como político e economista.
Da sua vasta obra publicada há a referir os livros O Mercado Financeiro Português em 1966, Economic Effects of Public Debt, Política Orçamental e Estabilização Económica, A Política Económica do Governo de Sá Carneiro, Finanças Públicas e Política Macroeconómica, As Reformas da Década, Portugal e a Moeda Única, União Monetária Europeia, Autobiografia Política, Volume I e II, e Crónicas de Uma Crise Anunciada.
As intervenções mais importantes produzidas como Primeiro-Ministro encontram-se reunidas nos livros Cumprir a Esperança (1987), Construir a Modernidade (1989), Ganhar o Futuro (1991), Afirmar Portugal no Mundo (1993) e Manter o Rumo (1995).
Tendo-se afastado da vida política activa entre 1995 e 2005, período durante o qual retomou a sua actividade académica, o Presidente Cavaco Silva manteve, todavia, uma marcante participação cívica, nomeadamente através de intervenções pontuais sobre questões nacionais e internacionais, caracterizadas por elevados padrões de rigor, exigência e credibilidade, que sempre constituíram marca da sua actuação pública, enquanto académico e como homem político.
Aníbal Cavaco Silva é licenciado em Finanças pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, Lisboa, e doutorado em Economia pela Universidade de York, Reino Unido. Foi docente do ISCEF, Professor Catedrático da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa e, quando foi eleito Presidente da República, era Professor Catedrático na Universidade Católica Portuguesa.
Foi investigador da Fundação Calouste Gulbenkian e dirigiu o Gabinete de Estudos do Banco de Portugal, instituição à qual regressou posteriormente como consultor. Exerceu o cargo de ministro das Finanças e do Plano em 1980-81, no governo do primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, e foi presidente do Conselho Nacional do Plano entre 1981 e 1984. Presidiu ao Partido Social Democrata (PSD) entre Maio de 1985 e Fevereiro de 1995.
O Presidente Cavaco Silva é Doutor Honoris Causa pelas Universidades de York (Reino Unido) e La Coruña (Espanha), membro da Real Academia de Ciências Morais e Políticas de Espanha, do Clube de Madrid para a Transição e Consolidação Democrática e da Global Leadership Foundation.
Aníbal Cavaco Silva cumpriu o serviço militar como oficial miliciano do Exército, entre 1962 e 1965, em Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique.
É casado com Maria Alves da Silva Cavaco Silva. O casal tem dois filhos e quatro netos.
É o actual Presidente da República.

fonte: Presidência da República

Mário Soares

Mário Soares nasceu em Lisboa, a 7 de Dezembro de 1924. As acções políticas que encetou contra o Estado Novo desde os tempos de estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tiveram como consequência ter sido preso 13 vezes pela PIDE (polícia política) e ainda ter sofrido, em 1968, uma deportação para São Tomé. Tendo concluído, em 1951, a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas iniciou, na mesma Universidade, o Curso de Direito, tendo-o concluído em 1957. Como advogado, defendeu, em tribunais plenários, inúmeros opositores ao regime. Devido às constantes perseguições que a polícia política lhe fazia, viu-se obrigado, em 1971, a refugiar-se em Paris. Foi um dos fundadores, em 1973, do Partido Socialista, do qual foi o primeiro secretário-geral. Regressou a Lisboa em 1974, logo após o derrube do regime, tendo sido chamado a desempenhar as funções de Ministro dos Negócios Estrangeiros, no âmbito das quais desenvolveu negociações conducentes à independência das colónias portuguesas. Opôs-se à tentativa de um sector de militares sublevados que pretendiam conduzir progressivamente o país para um regime de extrema esquerda. Demitiu-se do cargo em Março de 1975, passando a ocupar um ministério sem pasta. Volvidos dois meses, demitiu-se, igualmente, deste cargo. Foi primeiro-ministro de 1976 a 1978 e de 1983 à 1985. Negociou, de 1977 a 1985, com pleno sucesso, a entrada de Portugal na Comunidade Europeia (actual União Europeia). Foi presidente da República dois mandatos sucessivos, de 1986 a 1996, tendo iniciado as chamadas presidências abertas, durante as quais percorreu muitas regiões do país, auscultando directamente as aspirações e as reclamações populares, dando assim início a uma nova postura presidencial. Desempenhou, posteriormente, as funções de eurodeputado no Parlamento Europeu. Actualmente, tem-se dedicado à escrita, à coordenação da Fundação a que deu o seu nome e à intervenção em inúmeros congressos e debates. Apresentou, recentemente, a sua candidatura a um novo mandato como Presidente da República.
fonte: O Leme

quarta-feira, novembro 29, 2006

Pepe na Selecção?!

Seria suposto que a Selecção Nacional Portuguesa fosse composta por atletas portugueses. Pelo menos assim faria mais lógica. Aceito o facto de termos atletas que nasceram em França, Guiné, ou Angola e logo com alguns meses ou um ano de idade vieram para Portugal e naturalizaram-se portugueses. O que eu não aceito é termos brasileiros que com 20 ou mais anos de idade chegam a Portugal para jogar num qualquer clube, e só porque existe uma lei demasiado permissiva no aspecto da nacionalidade, adquirem-na e de repente representam Portugal actuando na Selecção Nacional como se fossem algo que não o são, nunca foram e nunca serão na verdade: portugueses. Lá porque lhes foi dado um passaporte de portugueses, a maior parte deles nem sabe o que é Portugal. Sabem apenas do que jogam e do que comem por cá. Ah, porque a comida é muito boa e o fado é giro. Isso chega para serem portugueses? Será suficiente passarem cá alguns anitos e lhes ser dada a nacionalidade só para poderem circular livremente na União Europeia ou não contarem como estrangeiros no plantel de qualquer clube europeu? Estes tipos não sentem o país. Vejam o exemplo do Deco. Ficou cá uns anos, tentou casar-se com uma portuguesa e manter-se com ela durante 3 anos só para ludibriar a lei e depois deixá-la nas ruas da amargura. Hoje, a diferença é que em vez de jogar no Porto, joga na Selecção Nacional. Mal conseguiu a sua nacionalidade foi para o estrangeiro. Não sabe o hino, não deve saber quem foi D. Afonso Henriques ou qualquer outra importante figura política portuguesa, e tudo o que sabe é que aqui temos o nosso bacalhau e pouco mais. Representa Portugal com que legitimidade? Saberá ele o que é Portugal em termos históricos? É uma vergonha quando vamos ver jogos da Selecção, que representam Portugal e os portugueses nas competições em que se encontram, e vermos um brasileiro que veste a camisola das quinas como quem veste a camisola de dormir no inverno e que só está a usar Portugal para ganhar visibilidade, e não por se sentir português, porque de português não tem nada! Nem o sotaque!
Após esta euforia com este brasileiro na Selecção, fomos confrontados com mais duas campanhas doentias para mais dois brasileiros se juntarem a ela e representarem Portugal: Derlei e Marco Aurélio. O que é que querem fazer de Portugal? Um sub-satélite do Brasil? É que este tipo de jogadores que querem chamar para representar uma das maiores potências mundiais, como é cada vez mais Portugal, são atletas que nem sequer são a 2.ª linha no Brasil. Estes jogadores vieram de distritais e outros afins e só porque jogam em Portugal e fazem um ou outro jogo interessante já os querem com nacionalidade portuguesa e a jogar por Portugal!!! Isto, para mim, é um escândalo! As pessoas pouco se importam se os atletas estão aqui de passagem, ou só têm nacionalidade portuguesa porque querem atingir qualquer outro fim do que o de "sentir que são portugueses". A este tipo de situações a lei da nacionalidade deveria criar excepções que os obrigasse a permanecer no território pelo menos 10 anos! Desportistas só estão cá determinado tempo para obterem a nacionalidade portuguesa, para poderem circular livremente por qualquer outro país da Europa. Não se iludam! Eles não sabem o que é Portugal, e não se sentem como portugueses!
O último caso é o de Pepe. Um tipo brasileiríssimo, que de português não tem nada e até já jogou pela Selecção Olímpica do Brasil, de repente sente-se português. De repente, um número determinado de mentecaptos decidiu andar a pressionar um brasileiro a chamar outro à Selecção. Acham que um é pouco. Precisamos de mais. Portugueses? Não interessa. Tragam brasileiros que a Selecção nem é a de Portugal, é a de todos nós. É o nosso clube onde metemos tudo o que quisermos. Então vamos estragar aqueles que representam Portugal e são portugueses e vamos lá por qualquer um que se diga português, mesmo não o sendo. O tipo, por mais brilhante que seja, e que nem é assim tanto, se nasceu brasileiro, não é porque a nossa lei é infeliz que de repente o vamos chamar à Selecção Nacional. Ele que seja chamado à dele. Se não o chamarem por falta de qualidade comparativamente com os que são chamados, azar o dele. Não vamos é deixar de chamar portugueses à nossa Selecção. Ponham uma coisa na vossa cabeça: ele só quer ser português, para não contar como estrangeiro em qualquer clube por onde passe e para ganhar visibilidade indo à Selecção. Este é outro que mal sabe o que é Portugal. Não se iludam e deixem-se de campanhas doentias!
Já estou como o outro do jornal Record: que tal arranjarmos um vazio legal para conseguirmos trazer o Kaká, o Ronaldinho e o Eto'o à Selecção? Já que aproveitam a lei como está e em que qualquer um é português... Hoje em dia usam e abusam de Portugal e o pior é que o povinho aplaude.
Quanto a mim, meus amigos, tenho a dizer-vos que não está em causa a nacionalidade, nem nenhum pensamento xenófobo ou racista. Pelo contrário. Respeito a nacionalidade brasileira, como respeito a Angolana, a Francesa, a Americana, a Inglesa e qualquer outra. O problema é que a Selecção Nacional deve ser composta por... portugueses! E não por luso-brasileiros, e outros afins! Só portugueses devem representar Portugal. É um cargo de demasiada honra e responsabilidade. Pouco importa se não vamos ao Mundial, se não chegamos à Final do Euro. Importante é ter portugueses que sintam a camisola e a Nação em cada um dos palcos onde actuam. A grande máxima do Desporto não é "Importante não é ganhar, mas sim competir"? Então? Será que a todos os portugueses o que importa é atingir um fim, que é ganhar, e para isso socorrem-se em qualquer meio para o atingir? Onde está o prazer em sermos portugueses? Ganhando ou perdendo, somos sempre portugueses e a nossa Selecção é composta por portugueses. Onde está isso? Deixou de existir, porque os portugueses querem é ganhar, não importa como, nem com quem. Aquilo a que nos arriscamos é a ter uma segunda linha de estrangeirada a representar Portugal que nem sequer sabe o hino nacional, e a não termos qualquer português na nossa Selecção. Não me dêem a desculpa que já várias selecções o fizeram. Esta filosofia é muito errada.
No dia em que for chamado mais algum estrangeiro naturalizado à Selecção, meus amigos, vou deixar de ver e apoiar a Selecção, porque aí deixará de ser a Selecção Portuguesa, para passar a ser a Selecção dos luso-estrangeiros. E essa, eu não apoio e nem tenho qualquer interesse em ver os jogos.

terça-feira, novembro 28, 2006

1580-1640

Até a SIC fez uma bandeira alusiva à União Luso-Espanhola
Longe vão os tempos em que D. Sebastião desapareceu em Alcácer Quibir, o Cardeal D. Henrique reinou por 2 anos e logo a seguir, os administradores do Reino apoiaram a nossa união a Espanha, terminando com o curto reinado de D. António (que muitos ainda hoje discutem se teve legitimidade para reinar), dando início ao nosso pior período da história: aquele em que tinhamos como capital do Império, Madrid, e aquele em que tivemos 3 Filipes como Reis de Portugal. Estavamos no longínquo ano de 1580.
Hoje, voltamos a ter administradores do Reino, ou do Estado, que promovem incessantemente a nossa união aos espanhóis. Aos poucos vão passando a ideia de mantermos a nossa identidade como país, mas já começamos a ouvir Ministros a dizerem que seriam favoráveis a essa união e que Portugal só teria a ganhar com isso. As empresas espanholas adquirem, cada vez mais, participações em sociedades portuguesas, os negócios espanhóis são cada vez mais em Portugal, e vemo-nos cada vez mais deparados com símbolos espanhóis em tudo quanto é lugar. Já começa a ser difícil de se ver algo que seja 100% nacional. Hoje em dia tudo tem participação espanhola. E a sua invasão ao nosso território começou pelos mais fracos e ignorantes: pelo interior, que não soube defender-se desta invasão.
O TGV é outro dos negócios que os espanhóis conseguiram impôr em Portugal, fazendo-nos acreditar que somos coitadinhos e pobrezinhos e nada desenvolvidos se não tivermos o TGV e que nos temos que unir aos "nossos vizinhos". Este tipo de vizinhos é engraçado. Faz lembrar aqueles que quando precisam do sal para cozinhar, batem-nos à porta e dizem "Olá querdo vizinho. Tudo bem consigo? Tenho andado muito preocupado com a sua situação. Já agora, empresta-me um pouco de sal, sff?", mas quando chega a nossa vez de fazer o mesmo, batem-nos com a porta na cara e acusam-nos de não fazermos comida com qualidade, logo não precisamos daquele sal tão bom. É o que acontece nos negócios!
Vejo os constantes encontros entre Sócrates e Zapatero a promoverem medidas comuns aos dois países, e agora até já se vai começar a promover a Península Ibérica como destino de turismo, em vez de cada país fazer publicidade a si mesmo. Portugal continua a perder com isto. Portugal como destino turístico tem aumentado ano após ano, e agora que estamos a aumentar as receitas provenientes de Turismo, Sócrates faz um acordo com Zapatero para promover "a Península Ibérica como destino turístico".
Não é novidade nenhuma o que se segue, pois não? Já se seguem os questionários públicos, sobre se os portugueses são favoráveis a unirem-se aos espanhóis. Um dia virá o referendo sobre esta questão. E o pior, é que vai ganhar, porque os portugueses não gostam de ter trabalho. Gostam de se encostar e esperar que alguém faça tudo por eles. Se hoje em dia já existe a mentalidade que os espanhóis nos fazem e nos dão tudo mais barato e melhor, e comparações com IVA, etc, mais dia menos dia vão querer unir-se aos espanhóis. A diferença para 1580 é que a situação era crítica, mas NUNCA nada é tão crítico ao ponto de quererem unir-se a Espanha. Antigamente vivia-se o amor à pátria! Hoje vive-se a ideia do comodismo e da promoção dos interesses pessoais. Querem lá saber se se unem à Europa, a Espanha, ao Brasil ou à China. Se se der aos portugueses algo que lhes facilite a vida, eles unem-se a qualquer um. Mais dia, menos dia, teremos Portugal numa União Ibérica com Espanha, e essa ideia não me agrada propriamente. Não querendo difundir uma ideia nacionalista, ou xenófoba, dado que nada tenho contra os espanhóis (podiam ser espanhóis, ingleses, alemães, ou quem quer que fosse, que a minha opinião era a mesma), cabe-me promover o amor à pátria e impedir que mais "administradores do Reino" continuem a cometer crimes contra a pátria e contra a identidade nacional. Assim, nem pensaria duas vezes em unir-me a alguém que tivesse Portugal em primeiro lugar e que decidisse fazer um 25 de Abril, ou um 28 de Maio, dos tempos modernos. Chega de crimes que atentam contra a nossa identidade, personalidade, e dignidade! Este país precisa de uma reviravolta já! Teremos que esperar mais 60 anos pela Restauração? Ou podemos fazê-la hoje mesmo? Sem querer, o encontro entre Sócrates e Zapatero ocorre perto do dia em que festejamos a nossa independência de Espanha: o dia 1 de Dezembro de 1640.

domingo, novembro 26, 2006

Tv Cabo

Hoje parece que ando numa onde de televisão, sobretudo por cabo. Acabei de ver a nova publicidade da Tv Cabo na qual surge um homem muito deprimido a ler a carta da mulher que o trocou por outro, porque este tinha Tv Cabo em casa e aquele não. No fim, surge o conselho para salvar a família, instalando a Tv Cabo em casa de modo a fazê-la feliz.
Acho impressionante os (des)valores que se promovem e os valores e princípios que se violam, chegando ao ponto de ver a publicidade de um Banco publicitar que sem dinheiro para comprar uma casa, ninguém consegue ser feliz, e uma empresa de televisão por cabo que promove que ou se dá algo que a maioria dos portugueses têm, à sua família, ou ninguém será feliz e se sentirá incompleto, procurando alternativas que visem a satisfação dessas necessidades.
Ora, onde estão os valores como a família, o tempo que as pessoas passam juntas, a natureza, os passeios, etc? Será que agora até a família já é um produto de consumo?

A Sporttv (uma vez mais)

Neste domingo joga-se um dos grandes jogos da Premier League: o Manchester United-Chelsea. O jogo começa às 16hrs, e mais uma vez os teleespectadores da Sporttv, vão ter que assistir ao jogo depois do mesmo se realizar. Se formos ao site da Sporttv, o mesmo justifica a transmissão em diferido da seguinte forma: "Nota: De acordo com o artigo 48.2 do regulamento de transmissões definido pela UEFA, não é possivel a transmissão de jogos de futebol, entre as 16h00 e as 18h00 aos Domingos. Assim, no cumprimento desta norma, a Sport TV está impossibilitada de transmitir, em directo, o jogo Manchester Utd x Chelsea, que se realiza a partir das 16h00".
Curioso é que a Sky Sports transmita o jogo em directo a essa mesma hora. Será caso para se perguntar se a lei existe para todos, só para alguns, ou se alguns dão justificações destas para não transmitirem certos jogos. Sinceramente, custa-me a acreditar na falta de vontade da Sporttv. Um jogo destes, qualquer um quereria transmitir em directo. Mas porque é que a Sky Sports o pode fazer e a Sporttv não? Não consigo perceber.

sábado, novembro 25, 2006

Álvaro Cunhal



Cunhal foi uma das figuras mais marcantes do século XX português e teve uma grande influência, mesmo internacional. Pense-se o que se pensar das suas ideias e da acção política, não é possível fazer a história do nosso tempo sem ter em conta a sua poderosa personalidade e intervenção, quer durante os longos anos da ditadura, quer no 25 de Abril e nas décadas que se lhe seguiram.Comunista desde a juventude, homem de coragem e capacidade de resistência lendárias, manteve-se até ao fim fiel a si mesmo e ideais de sempre. A sua vida confunde-se com a do movimento comunista no século XX e está indissociavelmente ligada à história da URSS, cujo fim ele viveu como uma tragédia. Contudo, este acontecimento não mudou nem as suas convicções, nem a tenacidade que punha na respectiva defesa.A sua resistência ao regime de Salazar e de Caetano, sob o qual foi preso, torturado e perseguido, tornou-se mítica pela ousadia, pela constância e pela coragem. Reorganizou o PCP, tornando-o uma força activa, embora clandestina, de combate político organizado e eficaz. O Secretário-Geral dirigia, agia, escrevia, resistia, estivesse onde estivesse, dentro ou fora de Portugal. Para todos os oposicionistas, mesmo que, como era o meu caso, nunca tivessem sido comunistas, a sua aura era enorme.Tinha uma personalidade vigorosa e era um homem de múltiplos talentos politico, escritor, desenhador, pintor, tradutor. No contacto pessoal era capaz de ser muito difícil, inflexível e duro, mas também gentil, sensível e atencioso, capaz de gestos de grande elegância e cortesia. Fascinou tanto apoiantes como adversários e a reserva que manteve, durante muito tempo sobre a sua vida privada e as facetas mais íntimas da sua personalidade contribuíram para o mitificar. Com a chegada da velhice e o aproximar do fim, decidiu dar-se a conhecer melhor, falando da sua vida pessoal e da sua obra de criação literária e artística. Fazia-o com um indisfarçável orgulho, como quem desvenda um segredo demasiado tempo guardado e que lhe era finalmente grato partilhar. Assumiu para a posteridade a autoria dos seus livros publicados sob pseudónimo, autorizou com prazer que deles fizessem filmes, editou os seus desenhos e a sua pintura. Publicou a sua tradução do Rei Lear de Shakespeare. Em conferências e entrevistas, falou da vida e da arte, contou histórias e reflectiu sobre a sua experiência. Percebia-se que queria, de algum modo, fixar a imagem com que o futuro o olharia.Conheci relativamente bem o Dr. Álvaro Cunhal, pois tive vários contactos e longas reuniões com ele, antes e depois do 25 de Abril. Lembro a reunião, particularmente relevante, que decorreu nos arredores de Paris e que o António Lopes Cardoso organizara. Nela falámos de tudo, da situação nacional e internacional, e também da necessidade de dar à Oposição novas frentes de combate perante um Regime Autoritário que se eternizava. Para situar esta reunião clandestina, devo dizer que quando finalmente chegámos a Paris soubemos, pela imprensa francesa, que Salazar tinha sofrido um grave acidente.Apesar das profundas diferenças que existiam entre nós, foi possível, nalguns casos, chegar-se a um entendimento prático, como aconteceu na concretização da coligação PS/PCP, que acabaria por ganhar a Câmara de Lisboa e que eu encabecei. A recordação que conservo desses encontros é a de um homem muito bem preparado, minucioso e atento, que tomava notas num caderno que guardava na sua inseparável pequena pasta. Claro no que queria, tinha porém uma percepção muito aguda da relação de forças. Confesso que negociar com ele era duro, mas dava prazer. Tinha, além disso, um sentido de humor que não raro atingia o sarcasmo.A História avaliará a acção de Álvaro Cunhal, que, como é inevitável, teve luzes e sombras. Como Presidente da República, cumpre-me, na hora do seu falecimento, honrar a sua memória, apresentando as minhas sentidas condolências à sua família e ao Partido Comunista Português.

António de Spínola




Militar e político português)11-4-1910, Santo André, Estremoz 1996, Lisboa
Em 1928, ingressou na Escola do Exército e, em 1933, foi promovido a alferes de cavalaria. Notabilizou-se no esporte hípico e durante anos dirigiu a Revista de Cavalaria. Teve ação destacada no comando do Batalhão de Cavalaria no 345, que combateu em Angola de 1961 a 1963. De 1968 a 1973, foi governador e comandante-chefe de Guiné-Bissau. Tornou-se, em janeiro de 1974, vice-chefe do Estado Maior-General das Forças Armadas. Em meados de fevereiro de 1974, a publicação de seu livro Portugal e o Futuro apressou o golpe militar de 25 de abril de 1974. Nesse dia, Spínola assumiu a presidência da Junta de Salvação Nacional. Em 15 de maio desse ano, foi proclamado presidente da República. Demitiu-se, em 30 de setembro de 1974, por divergências com os dirigentes do Movimento das Forças Armadas em relação ao processo de democratização e de descolonização em curso. General desde 1969, em 1981 alcançou o título de marechal.

Fonte: netsaber

Marcello Caetano



Marcello José das Neves Alves Caetano nasceu em 1906. Respeitado professor de direito, jornalista e historiador, iniciou-se na política seguindo a ideologia do Estado Novo, tendo mesmo ocupado cargos de alta responsabilidade, a nível partidário (enquanto Presidente da Comissão Executiva da União Nacional) e a nível governamental (Ministro das Colónias e Ministro da Presidência).
Em 1968, por motivo de doença de Salazar, o Almirante Américo Thomaz escolheu-o para subir à chefia do governo.
Marcello Caetano introduziu algumas alterações a fim de efectuar uma "renovação na continuidade": extinguiu a PIDE e criou a Direcção Geral de Segurança (DGS), apesar de as pessoas e dos métodos não terem mudado; alterou o nome da União Nacional para Acção Nacional Popular (ANP); "aligeirou" a acção da censura, permitindo também o regresso de alguns exilados políticos. Foi a chamada "Primavera Marcelista", onde Caetano tentou acalmar as diversas facções da sociedade portuguesa: ao mais conservadores prometeu continuidade e aos mais liberais deu esperança de renovação.
Após o 25 de Abril de 1974 e com o fim do Estado Novo, Marcello Caetano seguiu para o exílio no Brasil, onde viria a falecer em 1980.

Notícias

Tudo bem que as "cheias" recentes têm ocorrido de forma bastante invulgar no nosso país, mas daí a fazer quase um documentário de 40 minutos nas notícias (como foi o exemplo da SIC), parece-me um bocado exagerado. Até porque as situações foram sempre as mesmas em todos os locais por onde passou a reportagem: carros danificados, ruas alagadas, danos materiais em lojas, inundações de casas. Ok, num sítio ficaram 3 carros danificados em vez de 4, e noutro a rua alagou mais 5cm do que no outro, mas ainda assim não justifica que façam reportagens em 20 sítios (alguns perto uns dos outros) para fazer com que os teleespectadores percebam que os recentes níveis de precipitação tiveram efeitos danosos para muitos portugueses.

sexta-feira, novembro 24, 2006

António de Oliveira Salazar



António de Oliveira Salazar nasceu em 1889, em Santa Comba Dão, descendente de uma família de pequenos proprietários agrícolas.
A sua educação foi fortemente marcada pelo Catolicismo, chegando mesmo a frequentar um seminário. Mais tarde estudou na Universidade de Coimbra, onde veio a ser docente de Economia Política.
Ainda durante a 1ª República, Salazar iniciou a sua carreira política como deputado católico para o Parlamento Republicano em 1921.
Já em plena Ditadura Militar, Salazar foi nomeado para Ministro das Finanças, cargo que exerceu apenas por quatro dias, devido a não lhe terem sido delegados todos os poderes que exigia. Quando Oscar Carmona chegou a Presidente da República, Salazar regressou à pasta das Finanças, com todas as condições exigidas (supervisionar as despesas de todos os Ministérios do governo).
Apesar da severidade do regime que impôs, publicou em 14 de Maio de 1928 a Reforma Orçamental, contribuindo para que o ano económico de 1928-1929 registasse um saldo positivo, o que lhe granjeou prestígio.
O sucesso obtido na pasta das Finanças tornou-o, em 1932, chefe de governo. Em 1933, com a aprovação da nova Constituição, formou-se o Estado Novo, um regime autoritário semelhante ao fascismo de Benito Mussolini.
As graves perturbações verificadas nos anos 20 e 30 nos países da Europa Ocidental levaram Salazar a adoptar severas medidas repressivas contra os que ousavam discordar da orientação do Estado Novo.
Ao nível das relações internacionais, conseguiu assegurar a neutralidade de Portugal na Guerra Civil de Espanha e na II Guerra Mundial.
O declínio do império salazarista acelerou-se a partir de 1961, a par do surto de emigração e de um crescimento capitalista de díficil controlo. É afastado do governo em 1968 por motivo de doença, sendo substituído por Marcello Caetano. Acabaria por falecer em Lisboa, a 27 de Julho de 1970.

Afonso Costa



Foi o grande obreiro da separação entre o Estado e a Igreja. Se hoje vivemos num Estado laico, devemo-lo a Afonso Costa. Orador brilhante, foi um dos elementos mais importantes na luta contra a Monarquia. Após a implantação da República, foi ministro da Justiça e primeiro-ministro. Afastado do poder pelo golpe de Sidónio Pais, não mais voltou ao Governo. Em oposição ao Estado Novo, exilou-se em Paris. Afonso Costa deixou a sua marca na política portuguesa. “Marcou a transição do século XIX para o século XX”, diz o deputado João Soares.
Nota: apesar de não esar integrado an sondagem oficial, o facto de ter sido referido num post como uma das figuras escolhidas por parte de ums dos comentadores do blog, fez com que tivessemos decidido incluir a biografia de Afonso Costa.

Fontes Pereira de Melo



Figura grada da política portuguesa da segunda metade do século xix, integra o governo regenerador constituído em 7 de julho de 1851. Criado o Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, em 1852, é-lhe confiada essa pasta ministerial. Enceta urna política de desenvolvimento económico do País, que é habitualmente ,designada por «fontismo». Ocupou vários cargos ministeriais, foi conselheiro de Estado (1866) e par do Reino (1870). A política fontista incrementou a rede viária e ferroviária, o desenvolvimento da indústria, o crescimento económico, contribuindo para a modernização do País.

Ainda o Aborto...

"As Mentiras do Aborto

Anda por aí uma discussão tramada por causa do aborto. Pena é que, como de costume, em vez de se discutirem coisas sérias se fale de meias verdades...

1. O choque do julgamento de Aveiro
Parece que o País anda "chocado" com o julgamento de Aveiro, onde são arguidas 15 mulheres, 1 médico e uma assistente.
Pois bem, se a lei fosse a que o Bloco de Esquerda propõe o julgamento existiria na mesma, com pelo menos uma mulher, um médico e uma assistente.
Afinal o choque não parece ser pelo facto, apenas pelo número.

2. Na minha barriga mando eu
O slogan que algumas meninas escreveram na barriga. Pois não sei em que País elas querem viver, mas no nosso não será seguramente. Mais uma vez, a proposta do Bloco de Esquerda só proíbe o aborto até às 10 (ou 12) semanas de gravidez. Depois das 12 semanas já deixam de mandar na sua barriga.

3. Só é pessoa às 10 semanas
Não há médico que venha dizer isto publicamente. Só políticos. O último político que definiu o que era ou não pessoa, usava um bigode amaricado. Pela sua definição só era pessoa quem tinha ascendência ariana. Agora pelos vistos a definição é mais lata... Basta já existir às 10 semanas... E se o desenvolvimento tiver sido mais rápido e faltar um dia?

4. Prender mulheres
Ninguém quer ver mulheres que fazem aborto (em desespero e/ou pressionadas pela família) presas. Na Maia ninguém foi preso e ninguém protestou. Só faz sentido prender quem aborta despreocupadamente. Dizem-me que ninguém faz isso desse modo. ok, caberá a um tribunal, e não a mim, julgar isso.

5. A liberalização é para permitir as classes mais baixas de poderem fazer o mesmo que as que têm posses
Não é verdade. As classes mais baixas são muito mais tolerantes com gravidezes precoces e familias numerosas que as famílias que olham para o status. Imaginem a tia com a filha grávida aos quinze anos. São as classes médias, altas que procuram o aborto mais frequentemente. As classes mais baixas preferem ter apoio para educar o seu filho. Porquê é que não se investe dinheiro aqui?

6. Abortar significa impedir uma mãe de ter problemas psicológicos por uma gravidez não desejada.
E o oposto? A isto respondo com algo que ouvi de uma médica no fórum TSF.
"Sou médica há vários anos, e nunca ouvi uma mãe arrepender-se seriamente de ter tido o seu filho. São vários os casos de mulheres que abortaram que não conseguem viver com isso" Como é que é? Será que em vez de empurrar estas mulheres para o aborto, não se poderia pura e simplesmente dar mais apoio?

7. O valor de um referendo
É verdade que o referendo não foi vinculativo. E não foi porquê? Porque pura e simplesmente as pessoas não se incomodaram com isso. Logo não podem estar agora chocadas.
Em segundo lugar, as que se incomodaram expressaram livre e conscientemente a sua opinião. As pessoas que não escrevem nos jornais, nem vão à Televisão têm uma opinião diferente. Devem ter o direito a ela. Afinal o que é democracia? Ir a votos até sair o resultado que eu quero?

8. As hipocrisias
Quem defende o aborto, como esta senhora do lado, gosta de acusar os outros de hipocrisia. Pois bem, eu defendo as minhas convicções, apenas e só. Já esta senhora é paga para defender as convicções do seu partido. Se algum dia resolver ir contra ele, será expulsa e não mais será eleita deputada.

9. Informação
O Bloco de Esquerda acredita convictamente que está certo. Acredita também que todo aquele que não pensa como o BE é porque não está informado (Palavras de Francisco Louçã), logo não vale a pena ouvir a sua opinião.
Pois bem, nas últimas campanhas apenas vi muitas figuras do jet-set (excelente nível intelectual na verdade) a defender o aborto. Contra o aborto vi várias pessoas, normalmente anónimas, que trabalham em instituições com mães solteiras a apareceram a dar a cara. Ou Bagão Félix. Ou pessoas como o Doutor Daniel Serrão, que deve ser o exemplo máximo da pessoa não informada que o BE aponta.

10. A fantochada do PS
O PS agora também anda chocado. Mas, se a preocupação é genuína, onde andava o PS no julgamento da Maia? Ferro Rodrigues prometeu em campanha que o resultado do referendo deveria durar pelo menos uma legislatura. Nem na oposição se cumprem as promessas. "

Fonte: acanto

quinta-feira, novembro 23, 2006

Marquês de Pombal

Célebre ministro do rei D. José I, o mais notável estadista do seu tempo, não só de Portugal, como de toda a Europa.
N. em Lisboa a 13 de Maio de 1699, sendo baptizado a 6 de Junho do mesmo ano na freguesia das Mercês, então instalada na capela da mesma invocação existente na rua Formosa, a qual pertencia a sua família; fal. em Pombal a 8 de Maio de 1782. Era filho do capitão de cavalaria e fidalgo da Casa Real, Manuel de Carvalho e Ataíde (V. Portugal, vol. I, pág. 846), e de sua mulher D. Teresa Luísa de Mendonça e Melo, filha de João de Almeida e Melo, senhor dos morgados dos Olivais e de Souto do Rei.
Frequentou na Universidade de Coimbra o primeiro ano jurídico, mas dotado dum génio versátil e dum insaciável desejo de dominar e de não ser dominado, abandonou estudos, resolvendo-se a seguir a carreira das armas, por julgar ser essa a sua vocação, e foi assentar praça de cadete. Vendo, porém, que no serviço militar a obediência era mais exigida que em Coimbra, pediu a demissão, e entregou-se à vida ociosa, dedicando ‑se contudo ao estudo da história, da política e da legislação. Alguns biógrafos dizem que estas informações não se baseiam em factos irrecusáveis, mas o que não oferece dúvida é que Sebastião de Carvalho, na sua mocidade figurou no grupo dos capotes brancos um daqueles bandos de fidalgos aventureiros que perturbavam com as suas orgias a tranquilidade da capital. Enérgico, decidido, brioso, de figura simpática, era bem visto pelas damas, e por ele se apaixonou uma sobrinha do conde dos Arcos, D. Teresa de Noronha e Bourbon, dama da rainha D. Maria Ana de Áustria, filha de D. Bernardo de Noronha, e de sua mulher, D. Maria Antónia de Almada. Esta senhora nasceu em 1689, casou a 17 de Julho de 1714 com seu primo António de Mendonça Furtado, de quem enviuvou em Fevereiro de 1718, e casou em segundas núpcias, a 16 de Janeiro de 1723, aos 34 anos, com Sebastião de Carvalho. Os novos esposos foram viver para uma quinta que o futuro conde de Oeiras e marquês de Pombal possuía em Soure, e ali continuou com interesse os seus estudos de história, de política e de legislação. Um seu tio, o arcipreste Paulo de Carvalho, o apresentou ao cardeal Mota, ministro e valido do rei D. João V, e pela influência deste prelado, foi nomeado em 1733 sócio da Academia Real de História Portuguesa, que fora fundada em 1720, tendo pouco depois a incumbência de escrever a história de alguns dos monarcas portugueses, que nunca satisfez.
Em 1739 foi enviado a Londres como ministro plenipotenciário, e ali prestou relevantes serviços, mostrando grande energia e não vulgar inteligência, arrancando sobretudo ao ministério do duque de Newcastle muitas das isenções para os negociantes portugueses em Londres, que tinham em Lisboa os negociantes ingleses, e o reconhecimento do direito que tinham as autoridades portuguesas de punir os excessos praticados pelos capitães de navios ingleses em terras e costas de Portugal. Sebastião de Carvalho sofreu em Inglaterra o grande desgosto da morte de sua mulher, que faleceu em 27 de Março desse ano, legando-lhe todos os bens da sua grande casa. Durante o tempo que esteve em Londres, apesar das instituições inglesas lhe não terem causado grande influência, o que não pensou em implantarem Portugal, no entretanto, naquele grande centro civilizador entregou-se ao estudo de todas as graves questões administrativas. O rei D. João V ordenou-lhe, que reunisse em Inglaterra uma colecção de bíblias hebraicas, e de tudo quanto pertencesse a seus ritos, leis, costumes e policia, em qualquer das línguas vivas. Aquela preciosa colecção chegou a Lisboa no ano de 1743, e foi para a biblioteca do palácio real. 0 modo hábil como Sebastião de Carvalho dirigiu em Londres as negociações de que fora encarregado, chamou para ele a atenção do governo português, e, quando rebentou entre as cortes de Viena de Áustria e de Roma uma discórdia relativa aos direitos de nomina da cúria, tendo sido o governo português eleito para medianeiro, foi Sebastião José de Carvalho nomeado para dirigir as negociações da corte de Viena, para onde se dirigiu em 1715. Foi bastante feliz nesta nova ocupação, e conseguiu sanar a discórdia e lançar as bases do tratado entre as duas coroas, assim como depois conseguiu apaziguar novas dissensões entre o imperador Francisco I e o papa Bento XIV, por este não querer confirmar na pessoa do arcebispo eleitor de Mogúncia uma multidão de benefícios, que o imperador lhe concedia. Em Viena enamorou-se duma senhora da corte, D. Leonor Ernestina Eva Wolfanga Josefa, condessa de Daun, filha de Henrique Ricardo Lourenço, Feld-marechal general, conde de Daun do Sacro Romano Império, e de sua mulher, D. Violante Josefa, condessa de Bromond, em Bayersberg. O conde de Daun foi adversário muitas vezes vitorioso de Frederico o Grande da Prússia. Estas nobres famílias tiveram dúvidas em consentir no casamento, mas mandando-lhe dizer a arquiduquesa rainha de Portugal, D. Maria Ana de Áustria, que Sebastião José de Carvalho era de nobre ascendência, acederam ao casamento, o qual se realizou em 18 de Dezembro de 1745. Pouco tempo se demorou em Viena, porque se não dava bem com o clima, e como o celebre medico Van Swieten, que o tratava, lhe aconselhasse, que voltasse à pátria, Sebastião de Carvalho pediu e obteve a sua demissão, e nos últimos anos do reinado de D. João V regressou a Lisboa.
Em 31 de Julho de 1750 morreu o monarca, e subindo ao trono seu filho D. José, a rainha viúva, que se tornara muito amiga da mulher de Sebastião de Carvalho, que fora nomeada sua dama de honor, instou com o novo soberano para que nomeasse o antigo embaixador secretario de Estado dos negócios da guerra e estrangeiros. Assim se fez logo no dia 3 de Agosto, sendo ao mesmo tempo nomeado secretario de Estado da marinha o ultramar Diogo de Mendonça Côrte-real, filho do antigo e célebre ministro de D. João V. Com Pedro da Mota, secretário de estado, que o rei D. José encontrou em exercício, ficou o ministério completo. Havia apenas bem poucos dias que estava no poder, quando rebentou o terrível incêndio do hospital de Todos os Santos, a 10 de Agosto do 1750, que serviu logo para manifestar a energia e desembaraço de Sebastião de Carvalho. Não tardou muito que o antigo diplomata adquirisse no conselho do rei urna grande influência, que se quis atribuir a diferentes causas, mas cujo motivo principal estava, segundo as melhores opiniões, na inteligência superior e na vontade enérgica do futuro marquês de Pombal, que facilmente subjugou os seus colegas e adquiriu no ministério a iniciativa e a preponderância. Os homens como ele, podem pelas circunstâncias ser afastados do poder, mas apenas entram nele, assenhoreiam-se da direcção suprema pelo direito da sua energia, da sua actividade e do seu talento. Além disso, nenhum dos outros ministros era capaz de lutar com ele. Diogo de Mendonça era homem tímido, Pedro da Mota estava velho e cansado, Sebastião de Carvalho possuía em alto grau a iniciativa e a audácia. Entrava no ministério com projectos maduramente concebidos e com intenção firme de os executar, quebrando todos os obstáculos. Era um reformador na mais larga acepção da palavra. Tinha decidido levantar o seu país à altura da civilização europeia, não recuando para isso diante de embaraços de espécie alguma. Richelieu era o seu ideal; como ele, desejava consolidar o régio poder com o fim do introduzir alterações profundas no regime do Estado. Tinha em muitas coisas as ideias erróneas do seu tempo, e também preconceitos pessoais, mas possuía ideias administrativas de grande alcance. Conhecia os abusos do regime existente, conhecia os vícios da governação, percebeu que um povo, sob pena de se aniquilar, não podia persistir numa senda oprobriosa, e, não lhe sendo estranho nenhum dos progressos da sua época, vinha decidido a realizá-los à viva força, até sendo preciso, desfazendo as resistências, passando por cima das oposições, rodeando se de terror, e usando largamente do direito repressivo; Carvalho tinha a consciência, o fanatismo da sua missão reparadora. Fosse qual fosse o motivo, é certo que não tardou a exercer no gabinete de que fazia parte, uma influência exclusiva. A primeira medida que tomou, revelou logo a sua índole enérgica, mas também mostrou que o seu génio não poderia contudo rasar horizontes novos em economia politica e eximir-se às preocupações erróneas do seu tempo. Considerando como uma grande desgraça para Portugal a dependência em que estava da Inglaterra, e o tributo que lhe pagava todos os anos em somas enormes em trocados artefactos que de lá recebia, entendeu que o modo mais simples de acabar com essa dependência, era proibir debaixo de penas severas a exportação de metais preciosos, querendo assim restabelecer arbitrariamente a balança de comércio, exigindo que os ingleses levassem de Portugal mercadorias correspondentes no preço aquelas que nos enviavam. O grande ministro partilhava as ideias erradas do seu tempo, e supunha, como quase todos os estadistas do século XVIII, que a riqueza de uma nação consistia essencialmente no instrumento circulante que apenas a representa. Desde o momento que a produção agrícola e industrial do país não era suficiente para o seu consumo, a moeda havia de sair forçosamente, fossem quais fossem os meios que Sebastião do Carvalho empregasse para a reter em Portugal. Os metais preciosos são mercadorias como outras quaisquer sujeitas às leis económicas da oferta e da procura. Ainda que Sebastião de Carvalho conseguisse cativá-los em Portugal, não fazia mais do que depreciá-los, fazendo subir de novo a preços enormíssimos os objectos mais necessários à vida. Sucederia isso em Portugal, se o contrabando não viesse restabelecer o equilíbrio que Sebastião de Carvalho destruía. Afinal teve de revogar a medida, substituindo a proibição por um imposto de 3 % que finalmente foi também abolido. Mas enquanto a medida esteve em vigor, serviu para revelar a inquebrantável energia do grande ministro. A Inglaterra mandou de propósito a Lisboa um embaixador, lorde TyrawIey, que protestou contra essa providência. Sebastião de Carvalho manteve-a; uns oficiais da marinha de guerra inglesa que levavam para bordo ouro amoedado foram presos. E entretanto continuava o ministro a pôr em pratica o seu vasto plano de reformas, que tinha em alguns pontos graves defeitos, mas que tinha a vantagem de ser perfeitamente sistemático. A 17 de Janeiro de 1751 reduzia os direitos sobre o tabaco e simplificava a sua cobrança; a 27 desse mês fazia o mesmo ao açúcar. Depois proclamava e tornava efectiva a emancipação dos índios do Brasil, medida verdadeiramente generosa e grande; fundava depois a companhia privilegiada do comércio do Grão‑Pará e Maranhão, que levantava resistências e protestos que ele quebrava com a energia selvagem, própria do seu carácter. A Mesa do Bem Comum peticionou contra o decreto que fundava a companhia, os seus membros foram logo punidos com penas severíssimas. Outra medida igualmente pouco acertada foi a concessão do comércio da Índia e da China a Feliciano Velho Oldemberg; mas ao mesmo tempo mantinha a ordem em Lisboa, que no reinado antecedente fora teatro das mais escandalosas brigas, e fortalecia com sensatos regulamentos a disciplina do exército.
Tratava de fazer a luz nesta caótica administração portuguesa, quando um cataclismo terrível, o terramoto de 1 de Novembro de 1755, veio converter Lisboa num montão de ruínas e dar ensejo a Sebastião de Carvalho para mostrar o seu génio organizador e a sua assombrosa energia. Em presença do terrível desastre, encontrou-se completamente à altura das circunstâncias. Proveu logo à sustentação dos muitos infelizes que tinham ficado reduzidos à miséria pelo terramoto, ao estabelecimento da ordem, não lhe esqueceu enfim uma só das indispensáveis providências. Logo no dia seguinte ao da terrível catástrofe, tratou da reedificação de Lisboa com um plano muito mais vasto e muito mais regular do que o da antiga cidade. A planta da nova construção foi traçada pelo arquitecto Eugénio dos Santos. O ministro mandou demarcar o terreno a cada proprietário, obrigando estes a levantarem as suas casas dentro de certo prazo, sob pena de o perderem. Tiveram também de se sujeitar ao plano do arquitecto, de que resultou a regularidade da cidade baixa. Nas suas ruas agrupou os diferentes mercadores, tomando elas os nomes das profissões diversas que ali se enfileiravam. Prosseguiu com uma rapidez maravilhosa a reconstrução da cidade, o que muito espantou o embaixador da França, que não acreditava em semelhante milagre, e que dissera para a sua corte, que não poderia Carvalho completar a obra que empreendera. Urna das medidas mais proveitosas que o grande ministro adoptou, foi a criação o dum imposto de 4 % sobre todas as mercadorias que entravam na capital, que era um verdadeiro imposto de consumo, e que rendeu somas enormíssimas, tanto que foi com o seu produto que se construíram o arsenal de marinha e os edifícios das secretarias na praça do Comércio; foi ainda com o dinheiro adquirido por este meio, que se demoliram os restos dos edifícios arruinados, e se efectuou a abertura de várias ruas segundo o plano adoptado; além disso, ainda sobejou dinheiro para se construir o arsenal do exército, para se levantar o forte de Lippe em Elvas, que custou uns poucos de milhões, e para se repararem e fortificarem muitas outras praças do reino. O terramoto de 1 de Novembro de 1755 foi a verdadeira origem do grande poder de Sebastião de Carvalho. A sua energia produzira uma impressão profundíssima no rei D. José, que desde então começou a dispensar-lhe uma cega confiança, que a rápida popularidade que adquiriu, ainda mais confirmava, não bastando a contrabalançarem-na os ódios e as invejas da nobreza, que se não ocultavam nem disfarçavam. Ainda nos primeiros meses que se seguiram ao grande cataclismo, continuou em Lisboa a rapina em elevado grau, mas Sebastião de Carvalho mandou levantar forcas bem altas, onde expôs mais de 100 cadáveres, o que parece ter produzido o mais salutar efeito. O rei começou daí por diante a seguir em tudo os ditames do seu ministro. Para lhe obedecer, deu o exemplo de andar vestido de briche nacional; em 1756 fez passar Sebastião de Carvalho para a secretaria do reino, vaga pela morte de Pedro da Mota, e nomeou para ministro da guerra e dos estrangeiros D. Luís da Cunha Manuel, que era completamente criação sua. Descontente não se sabe porque motivo com Diogo de Mendonça Corte‑Real, Sebastião de Carvalho mandou-o prender, e deu-lhe por sucessor Tomé Joaquim da Costa Corte‑Real que também pouco tempo depois foi desterrado para Leiria. Ao mesmo tempo fundava Sebastião de Carvalho a Aula de Comércio, a companhia para a pesca da baleia nas costas do Brasil, e a companhia para a pesca do atum nas costas do Algarve. Com pleno acerto andaria, observa um dos seus biógrafos, se se limitasse à fundação de companhias privilegiadas que viessem fundar uma indústria nova, mas procedia erradamente quando fundava a companhia privilegiada do comércio de Pernambuco e Paraíba, e a das vinhas do Alto Douro, que vinham explorar indústrias que não precisavam do privilegio para medrar. A companhia de Pernambuco e Parabíba não encontrou grandes resistências porque seguia pelo caminho do Grão­Pará e do Maranhão, mas a companhia do Alto Douro, que vinha ferir mortalmente o livre comércio do Porto, levantou grandes resistências. A 23 de Fevereiro de 1757 houve no Porto contra a companhia um motim de alguma gravidade, mas que Sebastião de Carvalho determinou logo considerar como uma rebelião formal contra a pessoa do rei e os seus fautores como réus do crime de lesa-majestade. Bem sabia ele que a revolta não tivera a importância que lhe quis dar, mas convinha-lhe considerá-la assim, em primeiro lugar para ensinar aos portuenses que não se desatendiam impunemente as suas ordens, em segundo lugar para que todos ficassem bem cientes de que se considerava tão inviolável como a pessoa do rei, de que as suas ordens deviam ser tão respeitadas como se as pronunciasse a própria boca do monarca, e de que ninguém poderia alegar que se não queixava do rei, mas sim do ministro, porque ele estava acobertado com o régio manto de D. José, e dizendo sempre el-rei meu amo significava bem que entendia governar como delegado do poder absoluto e sagrado do soberano. Nomeou logo uma alçada, de que fazia parte o tristemente célebre desembargador José Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Melo, e que condenou à pena de morte 21 homens e 9 mulheres, e a várias penas menos duras 155 homens e 33 mulheres. A pena de morte executou‑se no dia 11 de Outubro em 13 homens e 4 mulheres, porque os outros conseguiram evadir-se. Este facto é de todas as crueldades do marquês de Pombal a que maior nódoa lança na sua memória, porque nunca foi tão desproporcionada a pena ao delito.
Quebrando assim, pela repressão dos tumultos do Porto, as resistências municipais dirigidas contra a sua enérgica administração, não pensava Sebastião de Carvalho senão em reprimir igualmente o orgulho da nobreza, como depois todo se empregou em despedaçar esse formidável poder organizado debaixo do nome de Companhia de Jesus. Os fidalgos, impacientes com o seu despotismo, rompendo a luta que ele estava ansioso por travar, deram-lhe ensejo de os punir, e essa conspiração, cujo malogro foi a perda da nobreza, também lhe deu depois ensejo para romper as hostilidades contra os jesuítas. A nobreza, que possuía ainda muitos privilégios, mostrava-se profundamente hostil a Sebastião de Carvalho, que não poupava ocasião de os restringir. D. José do Mascarenhas, que herdara a casa e o título dos duques de Aveiro, pretendera que passassem para ele as comendas administradas pelos antigos duques. O rei não lho consentira, por instigação de Sebastião de Carvalho, e daí nascera o ódio fidagal votado ao rei pelo duque de Aveiro. Apesar de todo o mistério que envolve os factos relativos a este processo, parece incontestável que o duque de Aveiro teve a ideia de assassinar o rei, que para isso falou ao seu guarda-roupa Manuel Álvares Ferreira, e que este combinara o crime com seu irmão e com o seu parente José Policarpo de Azevedo. O que é incontestável, porém, é que na noite de 13 de Setembro de 1768, quando o rei recolhia numa carruagem à Ajuda, de uma excursão nocturna e provavelmente amorosa, recebeu uns tiros entre a Quinta do Meio e a de Cima, e que só se salvou de morte infalível por uma série de acasos, que fizeram com que errasse fogo um dos bacamartes e com que o cocheiro e o rei se lembrassem de voltar para trás em vez ele seguir para o paço. O rei teve, contudo, umas poucas de feridas, mas todas sem gravidade. Sebastião de Carvalho, prevenido imediatamente, adivinhou de relance que tinha ali o ensejo favorável para descarregar um grande golpe na nobreza e talvez também nos jesuítas. Concebeu logo o seu plano com um sangue frio extraordinário, deu ordem rigorosa para que se guardasse acerca da ferida do rei o maior segredo, espalhando-se simplesmente que o rei dera uma queda, e depois de fazer todas as investigações necessárias com o maior segredo, prendeu três meses depois, no dia 13 de Dezembro, todos os indiciados no crime, sem lhe escapar senão José Policarpo de Azevedo, e esse unicamente por não ter tido o marquês conhecimento prévio da sua cumplicidade. Os indiciados não foram só o duque de Aveiro e os seus criados, foram também todos os membros da família Távora, contra a qual se não podia alegar a ser a principal entre as famílias nobres descontentes, e a suposição de que o marquês Luís Bernardo, cuja mulher fora notoriamente favorita do rei D. José, estaria por isso gravemente ressentido contra o soberano. O principal crime, porém, ou antes o crime único dos Távoras, era o serem inimigos declarados de Sebastião de Carvalho e ser a sua casa o centro da hostilidade contra o grande ministro. Em todo o caso lá se encontraram no processo indícios que foram reputados suficientes, e além do duque de Aveiro, dos Alornas, Távoras e Atouguias, foram também presas umas poucas de senhoras, a duquesa de Aveiro, as duas marquesas de Távora, a condessa de Atouguia, a marquesa de Alorna e sua filha. Ao mesmo tempo criou-se uma junta ou tribunal de inconfidência, presidido pelos três ministros de estado que deviam julgar os acusados. Foi esta a primeira e enormíssima iniquidade do processo, nomear um tribunal especial, e logo um tribunal assim presidido pelos secretários de estado, que, ainda que não fossem directamente interessados, sempre eram os representantes do rei, e por conseguinte juízes representantes da parte. Esta junta de inconfidência vinha apenas tingir vagamente com uma fórmula vã de justiça, a revoltante arbitrariedade da sentença que se proferia. Correu este lúgubre processo envolto no maior segredo, e o público só conhecia a sequência dele pelas repetidas prisões, que vinham de quando em quando sobressaltar a população. Os fortes das margens do Tejo povoava-os Carvalho com os fidalgos mais conspícuos do reino, sem que nunca se soubesse quais as provas que tinha contra cales e que deviam ser completamente nulas, pois até contra alguns dos que foram executados não podia haver senão muito leves e muito vagas presunções. A respeito dos marqueses de Távora, por exemplo, é certo que não houve no processo senão o depoimento do duque de Aveiro, arrancado por incríveis torturas, ao passo que os criados do duque nem nos tormentos confessaram que os Távoras estivessem implicados na conjuração, ao passo que confessaram a sua culpa e a de seu amo.
Também contra os jesuítas, é forçoso que se diga, não se pode formular a mais leve suspeita justificada. Pois sem advogados, sem julgamento contraditório, baseando-se nas presunções mais vagas e nos argumentos mais contestáveis, promulgou a Junta da Inconfidência uma sentença em que condenou à pena última, com incríveis requintes de barbaridade, o duque de Aveiro, os marqueses de Távora, a marquesa D. Leonor, José Maria de Távora, o conde de Atouguia, Braz José Romeiro, João Miguel, Manuel Álvares Ferreira e António Álvares Ferreira. Foi no dia 13 de Janeiro de 1759 que se executou a horrorosa sentença. Nesta conspiração tão cruelmente punida, procurara o marquês de Pombal ver por todos os modos se implicava os jesuítas, mas, não conseguindo encontrar provas suficientes, contentara-se com as probabilidades. Desde o princípio do seu governo travara com eles uma luta implacável. Os jesuítas eram a sua grande preocupação, e razão tinha para isso, porque eram um obstáculo invencível a todos os seus projectos de reforma e de regeneração social. Dominavam em toda a parte, reinavam nas consciências pelo confessionário, nos espíritos pela educação, e a educação do povo dirigida por eles era a mais funesta que podia ser, era a imobilidade perpétua, a condenação à eterna futilidade e à eterna insignificância. Em todos os países se sentia esta funesta influência jesuítica, mas em Portugal era mais terrível ainda por causa das colónias, dominadas completamente pelos jesuítas, principalmente as americanas. Logo no princípio do seu governo, Sebastião de Carvalho tivera que lutar com eles. Um tratado entre a Espanha e Portugal cedia ao nosso país o Paraguai que estava completamente dominado pelos jesuítas, e que resistiu ao nosso domínio. Foi necessário empreender contra os paraguaios uma campanha em regra dirigida pelo governador do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade, como para os lados do Amazonas for necessário que Francisco Xavier de Mendonça, irmão de Sebastião de Carvalho, tomasse medidas enérgicas para conseguir que se pudesse cumprir o tratado entre as duas nações da península com relação aos limites norte‑brasileiros. Irritado sobremaneira com esta resistência, o grande ministro mandou aos governadores-gerais das colónias que procedessem a um inquérito acerca dos costumes e dos actos dos jesuítas. O resultado foi deplorável para aqueles padres. Além de todos os defeitos inerentes ao espírito da regra, havia também já a decadência profunda, e os vícios introduzidos na ordem pela relaxação dos costumes. Ora Sebastião de Carvalho não estava unicamente irritado contra os jesuítas pela resistência que eles faziam às tropas no Paraguai, estava-o principalmente porque não admitia nos seus sonhos de reformador social a existência dessa companhia, que pretendia embaraçar o livre desenvolvimento do espírito humano. A influência dos jesuítas na educação já estava levantando sérias resistências; os oratorianos apresentavam-se como seus émulos, e Luís António Verney, escrevendo o Verdadeiro Método de Estudar lançava a luva aos jesuítas, e era apoiado vivamente nesse princípio de resistência pelo grande ministro português. Em todos os actos hostis ao governo quisera ele ver sempre a mão dos jesuítas: na resistência da Mesa do Bem Comum à fundação da companhia do Grão‑Pará e Maranhão, no motim do Porto, e até no terramoto de Lisboa achara meio de se queixar deles. Era uma hostilidade surda e implacável a que o grande ministro lhes votara. Forte com os relatórios dos governadores que mostravam a profunda corrupção da Companhia, Sebastião de Carvalho obteve em Roma que um visitador fosse encarregado de proceder a um inquérito e de reformar os abusos. Bento XIV nomeou para visitador o cardeal patriarca de Lisboa. Sebastião de Carvalho aproveitou logo o ensejo para conseguir que fossem suspensos do exercício da confissão e da pregação em todas as dioceses portuguesas, e ao mesmo tempo expulsou do Paço os confessores jesuítas que ali havia. A ordem ameaçada assim por tão poderoso inimigo reagiu energicamente, e dirigiu se ao novo papa Clemente XIII protestando contra o procedimento do cardeal visitador. Mas Sebastião de Carvalho, prosseguindo implacável no seu plano, e baseando-se unicamente nos motivos de queixa contra o rei que podiam ter os jesuítas por causa da expulsão dos confessores e na reconciliação que pouco antes do negócio dos tiros se realizara entre os jesuítas e o duque de Aveiro que estavam em relações bastante frias, prendeu uns poucos de jesuítas, teve os colégios e casas da ordem cercadas de tropas e sequestrou-lhes os bens. Ao mesmo tempo pediu ao papa licença para mandar processar os jesuítas acusados de cúmplices do atentado contra o rei. Depois de muitas dificuldades concedeu o papa a licença pedida, mas rogou ao mesmo tempo ao rei de Portugal que não expulsasse os jesuítas dos seus domínios, pedido que não impediu que eles fossem expulsos de Portugal por decreto de 3 de Setembro de 1759, mandando-se logo para Itália pelo brigue S. Nicolau um carrego de jesuítas. Daí resultaram pendências com a corte de Roma, o núncio mostrou-se frio e até insolente, e Sebastião de Carvalho não teve a mais leve hesitação em o mandar sair de Portugal, ao mesmo tempo que saia de Roma o nosso hábil ministro, primo de Sebastião de Carvalho por afinidade, chamado Francisco de Almada. A causa única deste procedimento do conde de Oeiras, título com que fora agraciado por decreto de 15 de Julho de 1759, era a guerra de morte que ele declarara aos jesuítas, e não se imagine, como alguns historiadores modernos querem fazer supor, que o único motivo que o impelia era uma paixão mesquinha e o ódio que tinha aos jesuítas. Não, o conde de Oeiras obedecia às mais altas considerações que lhe ditava a sua inteligência superior. Na convicção profunda que tinha de que fora a influência jesuítica, e um espírito de fanatismo e a subserviência dos governos às vontades de Roma que tinham levado Portugal a um estado de grande decadência, entendeu que não havia reformas possíveis enquanto o beatério predominasse no país, enquanto considerações devotas viessem constantemente meter-se em todas as questões políticas. Esta convicção germinando no seu espírito, adquiriu todos os caracteres de uma paixão violenta. Não recuou diante das medidas mais rigorosas, diante das iniquidades até para conseguir o seu fim; mas só desse modo pôde sacudir o torpor que tolhia o desenvolvimento do país, porque todas as suas reformas seriam inúteis, se não conseguisse fazer sair o país do letargo em que o sepultava o fanatismo religioso. Acerca da saída do núncio, cardeal Acciaioli, que foi acompanhado até à fronteira de Espanha por 30 dragões, deve ler-se a Historia do reinado de D. José, por Simão José da Luz Soriano, vol. 1, pág. 431 a 445. A este grande ministro se deve a manutenção austera das prerrogativas do poder temporal contra as invasões da cúria, a ele se deve também a extinção desse poder formidável, que pesava sobre as gerações, que comprimia os espíritos, que entorpecia em Portugal todo o pensamento civilizador. O que se torna notável é que os enciclopedistas, em vez de aplaudirem as medidas desse grande estadista, as censuravam e combatiam. É porque o conde de Oeiras tinha grande desdém pelos escritores. A forma mesmo como ele promulgava as suas medidas imortais, era antiga, e tinha como que um cheiro reaccionário. Assim, efectivamente, a condenação do Padre Malagrida pela Inquisição e o seu suplício num auto-de-fé, são realmente actos pouco dignos de um homem como era o ministro do rei D. José. Não queria ele, porém, dar força à Inquisição nem restaurar os autos-de-fé. Esse foi o único que se realizou no seu tempo, e o regulamento que impôs a esse tribunal terrível, anulava-o completamente. Pouco tempo depois da morte do Padre Malagrida, um acto de iniciativa numa questão de censura de livros, que o inquisidor‑mor entendeu dever tomar, fiando-se na sua qualidade de irmão bastardo do rei, rendeu-lhe o ser preso e desterrado juntamente com seu irmão, outro menino de Palhavã, para as matas do Buçaco. Este acto de audácia subjugou para sempre a nobreza, e a criação da intendência de polícia ainda mais contribuiu para a domar. Entretanto continuava o conde de Oeiras a instar pela extinção da ordem dos jesuítas. A França, a Espanha e Nápoles, tinham seguido o exemplo de Portugal, expulsando também os jesuítas. O mesmo fez a corte de Parma; com essa, porém, entendeu Clemente XIII que podia atrever-se, e reagiu contra a sua medida, mas todas as outras cortes tomaram o seu partido, e Clemente XIII morreu aterrado pela atitude que estava tomando para com ele a Europa católica. Subindo ao sólio pontifício Clemente XIV, voltaram Portugal e as cortes bourbónicas a insistir com o papa para a extinção da Companhia de Jesus, e em 1773 conseguiram finalmente, depois de grandes esforços em que tivera sempre a maior parte o ministro português, arrancar ao papa a desejada medida. Portugal deve ao marquês de Pombal, título a que Sebastião de Carvalho foi elevado por decreto de 16 de Setembro de 1769, imensos serviços, mas os maiores foram incontestavelmente a expulsão dos jesuítas e a reforma da nossa legislação civil, porque essas medidas significaram a renovação moral deste povo, que se ia deixando adormecer num letargo de que talvez nunca despertaria. 0 notável estadista adquiriu, por este facto, grande influência em toda a Europa.
A sua política estrangeira foi sempre um modelo de firmeza e de habilidade. Ainda assim, deve dizer-se, que os despachos insolentes que se lêem em alguns livros de história, e que se dizem dirigidos pelo marquês de Pombal a Lorde Chatam, são completamente apócrifos. 0 que há de verdadeiro neste incidente é que em 1764, tendo o almirante Boscawen queimado quatro naus francesas nas águas de Lagos, o marquês de Pombal, sendo ainda conde de Oeiras, exigiu e alcançou de Inglaterra uma satisfação condigna. É muito louvável a energia com que o marquês de Pombal sustentou a neutralidade do país na guerra dos Sete Anos, neutralidade de que a Espanha e a França o queriam obrigar a sair. Foi necessária uma guerra, e não hesitou. 0 exército estava ainda completamente desorganizado, e o marquês chamou da Alemanha o conde de Lippe, um dos bons oficiais de Frederico da Prússia, e o príncipe de Mecklemburgo-Strelitz, e encarregou-os de organizar solidamente as tropas portuguesas. E na verdade, a disciplina rigorosa, introduzida pelo conde de Lippe, fez com que a campanha de 1762, mal iniciada, acabasse dum modo feliz para nós. Os 10 anos que decorreram entre a paz de Fontainebleau em 1763 e a reforma da Universidade em 1772 foram talvez os mais fecundos da administração do marquês de Pombal. Desembaraçado da oposição dos jesuítas, tendo quebrado todas as resistências, inclusivamente as da Santa Sé, sabendo que em todo o país ninguém ousaria rebelar-se contra as suas vontades, começou a aplicar largamente as suas luminosas teorias em matéria de administração e a governar o país com a energia e o génio de que dera tantas provas. As reformas, de que tomou a iniciativa neste período de 10 anos, renovaram inteiramente a face de Portugal, e o arrojaram por um caminho de progresso, onde não tardou a pôr-se a par das nações mais adiantadas. A primeira coisa, de que se ocupou, foi da reorganização do exército. O conde de Lippe tratou de regulamentar a disciplina; estabeleceram-se campos de manobras, e tomaram-se enfim muitas outras providências. A construção de navios fortaleceu a nossa marinha; o comércio e a agricultura também foram favorecidos pelo marquês de Pombal, ainda que, na protecção que lhes deu, se encontra o vestígio das suas erradas ideias económicas. A intimação feita aos negociantes ingleses para terem caixeiros portugueses, a regulamentação da Lavoura pela ordem que mandava arrancar em muitos pontos as vinhas, que deviam ser substituídas por trigais mostram que o grande reformador tinha tão pouca confiança na liberdade em matéria económica como em matéria politica. A indústria nacional mereceu-lhe os maiores cuidados, como prova a protecção eficaz que dispensou à fábrica das sedas, situada no Rato, em Lisboa, às fabricas de lanifícios da Covilhã, Fundão e Portalegre, e à fabrica de vidros da Marinha Grande. O sistema do terror é que sempre continuava a ser seguido por ele. Enquanto abolia a distinção entre cristãos-novos e cristãos velhos, entre canarins e europeus na Índia; enquanto suprimia a escravatura no continente de Portugal, suprimia para a imprensa a censura eclesiástica, substituindo-a, é certo, não pela liberdade, mas pela jurisdição da Mesa Censória, o que já era um progresso, porque tendia a secularizar o ensino, mandava enforcar o capitão Graveron, acusado de peculato, mas sem haver contra ele provas evidentes, e encarcerava no forte da Junqueira o bispo de Coimbra, D. Frei Miguel da Anunciação, que era, sem dúvida, um dos chefes do partido reaccionário, mas que enfim era um velho prelado, que não se devia tratar com tanto rigor. O crime dele estava em proteger uma seita chamada dos jacobeus ou sigilistas, fanáticos perigosos, e sobretudo em resistir à instituição da Mesa Censória, proibindo no seu bispado livros que este tribunal consentia que corressem.
Uma das grandes glórias do marquês, de Pombal foi o imenso impulso que deu à instrução popular. A lei de 6 de Novembro de 1772 organizava a instrução primária do modo mais completo para o tempo. Estabelecia o princípio de concurso, animava o ensino particular, dotava as escolas com o rendimento de um novo tributo denominado subsídio literário. Favorecia a instrução secundária criando escolas, que eram o germe dos nossos liceus actuais, e convidando as ordens religiosas a que abrissem aulas nos seus conventos; favorecia a instrução superior criando o Colégio dos Nobres, e tratando de reformar a Universidade de Coimbra. Para intentar essa reforma, criou‑se uma junta intitulada da Providência Literária. A alma desse tribunal era o bispo de Coimbra D. Francisco de Lemos, que foi nomeado reitor da Universidade, por decreto de 11 de Setembro de 1772. Os estatutos redigidos por esta junta, introduziram a revolução na Universidade, substituindo aos velhos métodos legados pelos jesuítas os processos mais audaciosos da ciência nova. Além das reformas dos estudos, a nomeação de sábios lentes, alguns deles estrangeiros de nomeada, concorreram muito para o brilhantismo dessa reforma. Criou estabelecimentos auxiliares, de que anteriormente nem sequer fora reconhecida a necessidade, como um observatório astronómico, um museu de história natural, um gabinete de física um laboratório químico, um teatro anatómico, um dispensário farmacêutico, e um jardim botânico. O rei D. José, por carta régia de 28 de Agosto de 1772, constituiu o marquês de Pombal seu plenipotenciário e lugar-tenente na restauração da Universidade. No dia 22 de Setembro entrou na cidade de Coimbra, no dia 23 publicou o despacho de quatro colegiais para o Colégio dos Militares; na manhã de 25 recebeu os novos colegiais dos colégios de S. Paulo e de S. Pedro. Na tarde desse dia foi lida com toda a solenidade e aparato, na sala grande da Universidade, a seguinte carta régia:
«Honrado Marquês, meu Lugar-Tenente, muito prezado Amigo. Faço saber a essa Universidade, como protector que sou dela, ser servido reformá‑la, e por isso em Meu nome fareis tudo, concedendo‑vos todos os privilégios, que são concedidos, aos Vice‑Reis, e ainda aqueles que eu reservo para Mim. A mesma Universidade o tenha assim entendido, e vos respeite todas as honras, que vos são devidas, pois sois do Meu Real agrado e protecção. Palácio de Nossa Senhora da Ajuda, em 13 de Agosto de 1772. ‑ Rei.»
No dia 29 do referido mês de Setembro foram publicados, com a maior solenidade os novos estatutos, e no dia 30 prestaram os novos lentes o competente juramento, na presença do marquês de Pombal, no paço. A cerimonia de abertura da Universidade realizou‑se a 23 de Outubro com imenso esplendor. Foi decerto este o dia mais jubiloso da existência do notável estadista. Rodeado de homenagens por um povo de cortesãos, que viam nele não o representante do rei, mas o próprio soberano de Portugal, tinha além disso a consciência a dizer-lhe que acabava de prestar ao seu paìs e à civilização o mais elevado e o mais importante de todos os serviços. A fundação da Imprensa Nacional de Lisboa completou a obra do marquês de Pombal com relação ao nosso desenvolvimento intelectual. Esta reforma da instrução pública, a mais importante que tivemos, valeu ao nosso grande ministro a admiração e o respeito da Europa. Mr. Montigny, encarregado de negócios de França em Lisboa, não ocultava a sua veneração pelo homem, que fizera com que houvesse neste pequeno reino tão mergulhado até então nas trevas, 837 escolas de instrução primária e secundária. O duque de Aiguillon, ministro que sucedera no gabinete de Luís XV ao duque de Choiseul, dizia: «A opinião, que formamos dos talentos e das luzes do marquês de Pombal, dá-nos a mais vantajosa ideia das mudanças e das adições que esse ministro deve fazer nos estatutos da universidade.» Quando se observa esta importantíssima reforma, feita pelo marquês de Pombal, quando se vê que o grande ministro soube arrancar o país das trevas da ignorância em que estava imerso, a trazê‑lo à luz imensa, que de toda a parte se irradiava pela Europa, quando se nota que todas as suas reformas tiveram por fim, e conseguiram introduzir em Portugal todos os elementos civilizadores tem de se confessar que o marquês de Pombal foi neste extremo da Europa a incarnação viva e eficaz da grande revolução do século XVIII, e que o seu enérgico despotismo foi uma dessas ditaduras tirânicas mas fecundas, que em toda a parte precederam e prepararam a aurora da liberdade.
Foi por este tempo que se concluiu a estátua do rei D. José, que o grande ministro destinava para ser o complemento e o remate da sua grande obra da reconstrução de Lisboa. A estatua do rei D. José, em cujo pedestal figurava o medalhão do marquês de Pombal, construída pelo grande escultor português Joaquim Machado de Castre, fundida em bronze pelo tenente coronel de artilharia Bartolomeu da Costa, inaugurou‑se com extraordinária pompa, na Praça do Comércio no dia 6 de Junho de 1775. Nesta obra, vol. IV, no artigo Lisboa, a pág. 330 e seguintes, está uma circunstanciada descrição desta majestosa solenidade. Contudo, enquanto o marquês de Pombal tomava providências tão sábias e tão justas, continuava a seguir o sistema de repressão implacável. Os seus colegas no ministério continuavam a ser as suas vítimas; José de Seabra, que fora o seu braço direito na luta com os jesuítas, foi de súbito desterrado para Angola por motivo misterioso. Tempo depois, outro suplicio atroz veio assombrar Lisboa. Em 11 de Outubro de 1775 foi esquartejado na Junqueira o genovês João Batista Pele, acusado de tentativa de assassínio contra o marquês de Pombal. A Espanha rompera de súbito as hostilidades contra nós, por causa dos limites da América, e não nos quis dar satisfações. A França preparou-se a auxiliá‑la em virtude do Pacto de Família, e a Inglaterra abandonou‑nos. Apesar disso, o marquês de Pombal, entendendo que estava empenhada nesta questão a dignidade da coroa portuguesa, não hesitou em se preparar para a guerra; não cuidava decerto que poderia afrontar a França e a Espanha com os nossos limitados recursos, mas entendia também que, logo que o dever falava, a questão da possibilidade desaparecia. Seria esmagado, mas a sua defesa contra agressões injustas era já um protesto contra a violência. Quando se preparava para esta luta, cometeu o marquês de Pombal um acto de atrocidade, que não é dos que menos mancham a sua memória. Tinham-se refugiado na Trafaria alguns refractários, como se diria hoje. Sendo difícil apanhá-los naquela aldeia pobríssima, o marquês de Pombal ordenou que se lançasse fogo a essa povoação de pescadores. Essa ordem, executada barbaramente em seu nome no dia 23 de Janeiro de 1777 devia encher de pavor os últimos dias da existência de D. José, que faleceu no dia 24 do mês seguinte de Fevereiro. Com ele expirava o poder do marquês de Pombal. (V. Portugal, neste vol. pág. 738, no artigo de Pina Manique).
A herdeira do trono, beata e dominada pelos nobres, era figadal inimiga do grande ministro. Assim que o rei fechou os olhos, logo o marquês percebeu que estava demitido. Sendo mordomo-mor, foi avisado para que se não ocupasse do enterro do rei. Deram-se largas aos seus inimigos, deixaram-se correr contra ele as maiores calúnias. Soltaram-se todos os presos políticos que estavam por sua ordem encarcerados, e o espectáculo miserando dessas vítimas da energia implacável do marquês de Pombal devia exacerbar contra ele a cólera do povo, sempre mudável. Em seguida foi demitido, conservando-se-lhe secamente o ordenado de ministro, e concedendo-se-lhe o rendimento de uma comenda. Dava-se-lhe ordem para se recolher a sua casa de Pombal, e consentiu-se que o povo o insultasse em casa e pela estrada, arrancava-se o seu medalhão do pedestal da estatua de D. José e substituí-se pelo navio com as velas cheias, que é o brasão de Lisboa, o que fazia com que ele dissesse no seu retiro: Agora é que Portugal vai à vela. O que houve de mais impudente nesta reacção foi o procedimento de algumas pessoas, que, para lisonjearem o marquês de Pombal, tinham feito com ele contratos em que eram lesados e que depois, quando o viram caído, o demandaram para alcançarem indemnizações! Um tal Galhardo Mendanha chegou a escrever a esse respeito um folheto que por tal modo indignou o marquês de Pombal, que este pegou na pena e respondeu com azedume e veemência num folheto que a rainha D. Maria I proibiu que corresse. As acusações de concussão, de abusos de poder ferviam, todos os amigos e parentes do marquês eram perseguidos, e afinal a rainha D. Maria I, cedendo à pressão dos inimigos do marquês e ao natural impulso da sua própria inimizade, ordenava que o ministro de seu pai fosse processado. Para isso enviou a Pombal dois desembargadores que sujeitaram o marquês a um longo e penoso interrogatório, até que o grande homem, prostrado pela doença, pela fadiga e pelas amarguras, pedia perdão à rainha das faltas que podia ter cometido. Ao fim de 14 meses, a 16 de Agosto de 1781, expediu a rainha um decreto no qual declarava que havia por bem perdoar ao marquês de Pombal as culpas em que incorrera, em atenção aos seus anos e enfermidades. Era uma última mentira! Não o puniram, porque teriam de punir tombem a memória do rei D. José. Esse decreto fulminou-o. Estava um pouco melhor dos seus padecimentos, graças a um tratamento que adoptara. Piorou outra vez de um momento para o outro. O seu orgulho sentia-se profundamente ferido, a consciência do seu talento e dos imensos serviços que prestara ao seu país, fez com que gastasse as suas ultimas forças escrevendo uma Petição de recurso feita à sereníssima rainha D. Maria I, em que mais uma vez tentou justificar os seus actos. A opinião pública, ou o que então se podia designar por esse nome, era-lhe adversa, ou pelo menos indiferente. A petição caiu portanto no meio desta indiferença ou desta aversão, e não produziu o mínimo efeito. Dez meses sobreviveu ainda o marquês de Pombal ao funesto decreto, dez meses de longos e incomportáveis padecimentos. Faleceu enfim o grande estadista na sua casa de Pombal na idade de 83 anos. Na noite. de 11 de Maio de 1782 foi o cadáver conduzido num coche puxado por três parelhas para a igreja do convento de Santo António da vila do Pombal. Esperava-o à porta o bispo de Coimbra, D. Francisco de Lemos, fiel à caída grandeza, que celebrou com toda a pompa as exéquias solenes, sendo pregada a oração fúnebre pelo monge beneditino Frei Joaquim de Santa Clara, notável orador sagrado, que se inspirou na grandeza do assunto, e legou à posteridade um magnífico discurso que atesta não só o seu talento mas a grandeza do seu espírito. O Marquês de Pombal, quando faleceu, assinava-se: Sebastião José do Carvalho e Melo, conde de Oeiras e da Redinha; marquês de Pombal; do conselho do rei; alcaide-mor de Lamego; senhor donatário das vilas de Oeiras, Pombal e Carvalho, e do lugar de Cercosa e dos reguengos e direitos reais de Oeiras e de A-par de Oeiras; direitos do pescado do Porto, de Peniche e de Atouguia da Baleia; das rendas do pescado e direitos da dízima, portagem, jugadas, oitavos de pão e quinais de vinho da vila e porto de Cascais; e das tornas da sisa do pescado e sáveis de Lisboa; padroeiro in solidum da paróquia de Nossa Senhora das Mercês, da cidade de Lisboa, e das de Santa Maria da vila de Carvalho e sua anexa, Santa Maria de Cercosa, no bispado de Coimbra, e do convento de Nossa Senhora da Boa Viagem; comendador das ordens de Cristo e de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, etc. O seu brasão era o dos Carvalhos. Em campo azul uma estrela de ouro, entre uma quaderna de crescentes de prata. Este brasão também usam os condes da Retinha e os marqueses de Pomares.
Num rápido esboço resumiremos a notícia das grandes reformas empreendidas pelo notável ministro do rei D. José I: Protegeu eficazmente a indústria, levantando a decaída fábrica de sedas que D. João V fundara, subvencionando e desenvolvendo as indústrias da chapelaria e relojoaria, fez sair quase do nada a fábrica de vidros da Marinha Grande, e a de papel da Lousã, tomou a iniciativa do fabrico da porcelana, protegeu a industria das lãs, e fundou a magnifica fábrica real da Covilhã. Teve a honra de hospedar no seu palácio e quinta de Oeiras o rei D. José no Verão dos anos de 1775 e 1776. Nessa quinta realizou uma grande feira onde concorreram, por sua ordem, os produtos de todos os géneros da indústria fabril portuguesa, vindo os donos das fábricas armar barracas em Oeiras, expondo ali à venda os diversos produtos da sua indústria Esta feira teve um êxito completo; foi uma verdadeira exposição de tudo quanto se fabricava então em Portugal, e assim teve Oeiras a honra de ali realizar a primeira exposição industrial que houve no país, e talvez a primeira que se efectuou em toda a Europa. (V. Portugal, neste vol. artigo Oeiras, pág. 182 e seguintes). Favoreceu muitíssimo a agricultura, mas de um modo demasiadamente despótico, mandando por exemplo arrancar as vinhas do Ribatejo para ter produção cerealífera. Para desenvolver o comércio criou a Aula do Comércio e fundou diversas companhias. Na administração civil e económica do país operou maravilhas, dando o primeiro passo para a liberdade da terra, suprimindo os morgados insignificantes, regulando-lhes a sucessão e não consentindo que se instituíssem senão morgados opulentíssimos, declarou livres todos os escravos que nascessem ou pusessem pé no continente de Portugal, emancipou os índios do Brasil, acabou na Índia com a distinção entre gentios e cristãos, no reino com a distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos. Com o clero procedeu energicamente, expulsando os jesuítas, impedindo as profissões demasiado numerosas de frades e de freiras; deu à Inquisição um regimento que a anulava completamente; na instrução pública reformou completamente a Universidade pondo-a a par dos estabelecimentos científicos desse tempo no estrangeiro; criou o Colégio dos Nobres, fundou a instrução primária portuguesa solidamente, desenvolveu a instrução secundária, aproveitando para isso largamente as ordens religiosas, refundiu completamente a legislação, acabando com os arrestos absurdos, com os recursos aos comentadores, etc. ordenou que o direito canónico apenas regulasse em matérias espirituais. Criou o Erário introduzindo ordem e método na administração da fazenda, criou no Conselho de Fazenda um tribunal de contencioso financeiro, administrou com tanta economia que não precisou recorrer a empréstimos, reorganizou admiravelmente o exército com o auxílio do conde de Lippe, fortificou Elvas de um modo assombroso, deu impulso à marinha e soube apreciar e chamar ao ministério Martinho de Melo e Castro que à marinha portuguesa prestou depois tão relevantes serviços, e ocupou-se com zelo das colónias, acrescentou o nosso domínio oriental com as Novas Conquistas, o nosso domínio africano com as ilhas de Bissau, etc. De todos os chefes de governo que no século XVIII iniciaram em todos os países da Europa as reformas que a opinião pública reclamava, foi sem dúvida o marquês de Pombal o mais audacioso. O ilustre ministro teve grande predilecção pela cidade de Aveiro, por causa dum protesto representação em que a câmara com a assistência dos nobres e povo, lavrou contra os autores da conspiração do duque de Aveiro, D. José de Mascarenhas, pedindo para que este fidalgo deixasse de ser donatário de Aveiro. Esta demonstração dos aveirenses foi recebida com entusiasmo pelo marquês de Pombal, que se deu pressa em agradecer à câmara, assegurando-lhe que os desejos do povo, cujo representante era, seriam satisfeitos, e que Aveiro, ficando pertença da coroa, havia de ser beneficiada tanto quanto pudesse sê-lo. A palavra do grande estadista foi cumprida. Aveiro entrou numa nova fase de progresso. Melhorou-se consideravelmente a barra, criaram-se escolas e procurou-se ensaiar novos sistemas de cultura, como foi a do arroz e da batata. O marquês também pensou em estabelecer aqui urna fábrica de tecidos de algodão, para o que mandou proceder a experiências em 1770. Ainda empreendeu outros melhoramentos de não menor alcance para os interesses da terra, que por decreto de 11 de Abril de 1759 elevou à categoria de cidade, e por decreto de 4 de Setembro de 1760, foi de novo elevada a comarca, que desde de D. João III deixara de ser, para formar um almoxarifado, cujas justiças eram providas pelo donatário. Em 28 de Setembro de 1773 pediu o marquês de Pombal o báculo de diocese para Aveiro, que lhe foi concedido por breve apostólico de 12 de Abril de 1775, sendo o 1.º bispo D. António Freire Gameiro de Sousa. (V. Aveiro).
Devemos mencionar um acto de justiça nacional, relativo ao notável estadista. Por decreto de 10 de Outubro de 1833 foi determinado que a «imagem em bronze do marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho, e Melo que havia sido arrancada do pedestal da estátua equestre de el-rei D. José, fosse reposta no mesmo lugar». Dizia-se no preâmbulo do decreto: «Que o marquês de Pombal fora o português que mais honrou a sua nação no século passado. Que fora ele distinto pelos seus conhecimentos variados, firme pelo seu carácter; instruído pelas suas meditações e viagens; e sobretudo dotado de um amor da pátria, de um zelo do bem público e de um interesse pelo decoro e independência nacional que sempre o levara nobremente a promover o bem do seu país, e a naturalizar nele as vantagens da indústria, da civilização, do comércio e das artes. Que a inconstância dos tempos e o capricho dos homens pretenderam denegrir na pátria o conceito que nunca fora dela foi disputado a tão ilustre génio, e fizeram, com ingratidão incrível, desaparecer a sua imagem do centro daquela mesma cidade, que ele tinha feito renascer das cinzas, para ser uma das mais belas capitais do mundo. Influenciado por esta convicção, quis o duque de Bragança tributar a devida justiça ao grande homem, e apagar os vestígios de uma ingratidão, que a geração presente rejeitava a responsabilidade e desaprovava o erro.» Este decreto era rubricado pelo ministro do reino Cândido José Xavier. Os restos mortais do marquês de Pombal foram trasladados para Lisboa, onde chegaram a 1 de Junho de 1856, em honroso préstito. Celebraram-se solenes exéquias, sendo o cadáver depositado na capela das Mercês, pertencente aos marqueses de Pombal. Num mausoléu de mármore figurando um modesto caixão colocado sobre dois desengraçados elefantes, que se vê na capela-mor e no lado direito do altar, se encerra o que resta do grande e notável estadista. Em Maio de 1882 celebraram-se pomposas festas em comemoração do centenário da morte do marquês, tanto em Lisboa, como no Porto e na Universidade do Coimbra, que em 1872, 10 anos antes, havia celebrado também o centenário da reforma da mesma Universidade.